CRÔNICA DA SEMANA
UMA IRÔNICA CRÔNICA
(Lissânder Dias)
Hoje acordei com um passarinho batendo a
cabeça na janela. A vida às vezes é irônica, e somos despertados pela ironia.
Leve riso, tomado pela tragédia da
contradição. Mas nem tudo é contradição e nem tudo é tragédia. Há um novo dia
que nasce, lembrando que há rotina, mas não somente ela. Há a possibilidade de
encontrar um universo na casca de nozes ou no quintal de casa. Minhocas, lesmas
e girassol.
Quem disse que nossas emoções e
sentimentos devem ser reféns do último capítulo da novela? Quem precisa de
novela se temos a vida todos os dias? Temos a alegria da grávida, o choro do
bebê, as vozes na feira, o almoço compartilhado. Temos ideias, virtudes e
vícios. Lutamos contra os vícios, enquanto nos fortalecemos com as virtudes. As
ideias são combustível para o aprendizado.
Temos o mar que nos leva, leva e leva.
Se aportamos, não nos conformamos com o porto. Queremos o vento, o som, o
barco. Mesmo que em luta, queremos o peixe como companheiro. Mesmo velhos, ainda
sonhamos.
E quando em um certo dia pensarmos que
somos fracassados, e que estamos no lugar errado, pode até ser. E se for, que
seja o fósforo que acende a lenha, que seja o anseio do inconformismo a
salvação dos fracassados. “Ninguém é covarde em todos os aspectos” (C. S.
Lewis).
Que o dia termine sem terminar. Que haja
uma nova vida no dia seguinte, e no dia seguinte. Que este novo também seja
velho para que a ingratidão não nos domine e não nos faça pensar que tudo é
efêmero. O efêmero é inimigo da esperança.
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