O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA
AS BORBOLETAS
(Denise Figueiredo)
As borboletas voam
As meninas sonham
Crescem e sonham mais
Se antes o sonho era pequeno
Não passava da porta
Agora vai mais longe
Cada vez mais
Antes sozinha
No máximo eram
Borboletas, estrelas e coloridos
Agora são sonhos naturais
Vistos desejados
Sonhos reais.
Elas podem sonhar
Porque sabem realizar
São fortes e persistentes
Não acordam enquanto
Seu sonho completo não está
Sozinha ou com alguém
O que importa é sonhar
As borboletas voam quando meninas
Crescem e passam a vida a sonhar
Como águias se debatem
Para o sonho realizar
Pois vira mulher
Mulher que sabe o que quer
IMPRECISÃO
(Edelson
Nagues)
O que mais
espanta
é o homem,
sempre,
querer-se
exato.
Pois sua
medida
perde-se nas
trincas
de seu
próprio ato.
E, se o ato
trinca,
permite o
assalto
da imprecisão.
E esta,
insolente,
espalha-se
por tudo
(grama pelo
chão).
Feito
epidemia,
todos
contamina,
alhures e
aqui.
E o homem,
pego,
perde a
medida,
perde-se de
si.
E, uma vez
perdido,
o homem se
lança
ao léu das
palavras.
Mas estas,
latentes,
menos se
revelam
quanto mais
se cava.
Mas revelam o
homem,
que, à sombra
delas,
tenta se
esconder.
Ele, então,
desnudo,
mostra-se
inteiro
em um outro
ser.
Só assim,
desfeito,
o homem se
refaz
da potência
ao ato.
E, ao
refazer-se,
torna-se
complexo,
ainda que
inexato.
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