quinta-feira, 18 de outubro de 2012


O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

AS BORBOLETAS
(Denise Figueiredo)

As borboletas voam
As meninas sonham
Crescem e sonham mais
Se antes o sonho era pequeno
Não passava da porta
Agora vai mais longe
Cada vez mais
Antes sozinha
No máximo eram
Borboletas, estrelas e coloridos
Agora são sonhos naturais
Vistos desejados
Sonhos reais.
Elas podem sonhar
Porque sabem realizar
São fortes  e persistentes
Não acordam enquanto 
Seu sonho completo não está
Sozinha ou com alguém 
O que importa é sonhar
As borboletas voam quando meninas
Crescem e passam a vida a sonhar
Como águias se debatem
Para o sonho realizar
Pois vira mulher
Mulher que sabe o que quer


IMPRECISÃO
(Edelson Nagues)

O que mais espanta
é o homem, sempre,
querer-se exato.

Pois sua medida
perde-se nas trincas
de seu próprio ato.

E, se o ato trinca,
permite o assalto
da imprecisão.

E esta, insolente,
espalha-se por tudo
(grama pelo chão).

Feito epidemia,
todos contamina,
alhures e aqui.

E o homem, pego,
perde a medida,
perde-se de si.

E, uma vez perdido,
o homem se lança
ao léu das palavras.

Mas estas, latentes,
menos se revelam
quanto mais se cava.

Mas revelam o homem,
que, à sombra delas,
tenta se esconder.

Ele, então, desnudo,
mostra-se inteiro
em um outro ser.

Só assim, desfeito,
o homem se refaz
da potência ao ato.

E, ao refazer-se,
torna-se complexo,
ainda que inexato.

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