CRÔNICA DA SEMANA
(Cláudia
Banegas)
Um amigo me
emprestou o livro “Política e Paixão”, de Affonso R. de Sant’anna. Casualmente,
encontrei nele um trecho que chamou minha atenção. Fala sobre uma imagem de
Marshall Mluhan, de que uma lagarta, olhando para uma borboleta voando, virou e
disse: “Vocês nunca me transformarão numa coisa daquelas.”
Interessante
porque, a borboleta é contraditória. Ao mesmo tempo em que ela é o fim da vida
da lagarta, é o início de um novo ciclo.
Transformou-se.
O destino da
lagarta é virar borboleta, é evoluir. Esta metamorfose é bem dolorosa para a
borboleta, não pelo processo em si, uma vez que a lagarta “morre” para si
mesma, vivendo enclausurada em seu casulo, mas sim na hora em que o mesmo se
abre.
O esforço é
grande para rasgá-lo, e mais tarde, outro esforço é exigido, quando as asas
precisam ser estendidas para que sequem totalmente.
Transforma-se
então, é se esforçar.
Metaforicamente,
é morrer para aquilo que já não serve mais e partir para um novo patamar.
Haverá perda,
mas em contra-partida, ganhos surgirão. É inevitável, é o curso da vida. O rio
flui. A vida de uma lagarta não tem muita graça, pois, pesada, só rasteja,
comendo folhas. Jaz ali, tão limitada...
Depois da
metamorfose, ela não mais existe naquela forma. Em seu lugar, surge a leve e
colorida borboleta, que não conhece limitações. Voa rápido por entre as flores
em um jardim, ávida pelo néctar, energizada pelos raios de sol. Irradia vida!
Evoluir como
pessoa requer coragem, mas não me refiro a de transformar-se, porque isso é
totalmente natural, afinal vivemos abrindo e fechando ciclos em nossa vida.
Falo da coragem de olhar para dentro de si e reconhecer: “Sou lagarta”.
A partir daí,
o casulo já não é visto como uma prisão ou um túmulo, mas como um portal, que
dá passagem para um mundo novo, visto de cima.
Nunca mais as
coisas serão as mesmas... Uma vez borboleta, lagarta nunca mais.
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