quinta-feira, 12 de julho de 2012

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


REMORSO
(Olavo Bilac)

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!


LEMBRAS?
(Andréa Joy)

Fomos dois apaixonados...
Teu jeito tímido e o meu “calado”,
E na calada da noite te beijei,
Lembras?

Nosso olhares confessando
O quanto nos queríamos
E como nos admirávamos,
Lembras?

As poesias desmedidas,
O lirismo em nossas vidas,
Minha alegria descarada
Quando eu queria só tu, e mais nada,
Lembras?

Quando nossos corpos se pertenceram,
Nossas bocas murmuraram,
Minha vaidade se aguçou
E a gente se amou,
Lembras?

Eu me lembro
Quando tudo “acabou”:
Olhos fixos no nada,
Minha boca amordaçada,
O peito cheio de dor!...

Hoje...
Ressurgi das cinzas
E qual fênix quero voar.
As lembranças são minhas asas;
O seu corpo, o meu lugar.

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