quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

UM DEDO DE PROSA

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Hoje, quarta-feira de cinzas, o dia amanheceu com ressaca...
Talvez para nos fazer lembrar que há vida após o carnaval e que nem tudo é festa; que nem todos são foliões; que enquanto alguns esnobavam fantasias luxuosas, outros fantasiavam o pão sem margarina acompanhado apenas de um ralo cafezinho preto (talvez a única refeição do dia) como sendo o seu banquete de carnaval.
Talvez para não nos deixar esquecer que enquanto muitos festejavam os quatro dias de folia, outros muitos sofriam com a perda do emprego, da dignidade ou até mesmo de um parente.
Talvez para nos fazer refletir sobre as máscaras da inveja, do rancor, da corrupção, da falsidade, da hipocrisia que os homens, ao invés de pô-las, deixam-nas cair durante as festas carnavalescas, máscaras estas usadas nos 361 dias que antecedem o carnaval.
Hoje, quarta-feira de cinzas, é, também, o início da quaresma, período voltado à reflexão, cujos cristãos se recolhem em oração e penitência a fim de preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Nesse período, a igreja propõe (e nos impõe) o jejum não somente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de nos educar, de irmos percebendo que o que o ser humano mais necessita é de Deus. Entretanto, muitos cristãos o fazem simplesmente por não terem o que comer.
Hoje, quarta feira de cinzas, sob o céu cinzento de uma manhã fria, agradeci a Deus por ter chegado ao final de mais um carnaval, com saúde, com meu emprego, com minha dignidade e, principalmente, com meus entes queridos saudáveis, motivos que me fazem festejar a vida que há antes, durante e depois do carnaval.

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