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(LuHess Strümpell, Recanto das Letras)
Toco as notas plangentes
Suaves da lira sorridente.
Navega em mim deliciosas
Sensações de paz e serenidade.
A lira de tons azulados
Vivifica a minha alma
Cansada de enlevos lânguidos!
Ah harpa de de tons aéreos,
O som vem a mim como
A subida para as montanhas!
Voa alado som para os
Hiperbóreos atravessa
As camadas finas do tempo.
Tinge-te de todos os
Tons de azul e seja alada
Nas notas saídas do éter!
NÃO SE MATE
(Carlos Drummond de Andrade)
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
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