terça-feira, 2 de março de 2010

MEUS VERSOS LÍRICOS


EU E O (EN)CANTO DO PATATIVA
(Joésio Menezes)

Patativa e eu
Temos algo em comum:
Ele era cego de um olho
E eu só enxergo com um;
Somos filhos do Nordeste,
Terra dos “caba da peste”
Que não têm medo algum.

Inda meninos nós perdemos
A figura do progenitor;
Tarde ingressamos na escola;
Cedo conhecemos o labor...
Somos também semelhantes
Quando nos fazemos amantes
Das letras e dos versos de amor.

E em cada verso escrito,
Deixamos ali registrado
Tudo aquilo que sentimos
Sem medo de termos errado
Na dosagem do sentimento
Que provoca o sofrimento
Dos que sonham acordado.

Mas essas tais semelhanças
Entre mim e ele existentes
Vão ficando bem limitadas
E cada vez mais ausentes,
Pois as suas belas poesias
Ele as escreve com maestria,
As minhas faço timidamente...

Enquanto meus versos engatinham,
Os dele já ganharam o mundo;
Enquanto aos meus me dedico,
Nos dele eu mais me aprofundo
Em busca da rara sobriedade
Existente nos vates de verdade
Que fazem versos profundos.

Busco, porém, inspiração
Na poesia matuta e criativa
Solta pelo mundo encantado
Dos poetas de alma efusiva...
Assim, quem sabe um dia
Encontrarei a doce magia
Implícita nos cordéis de Patativa?

Voltada ao povo marginalizado
E oprimido do sertão nordestino,
A poesia do Mestre Patativa
Atravessou as fronteiras do Ensino
Mostrando a todos a simplicidade
Dos versos escritos com habilidade
Por quem soube fazer seu destino.

Já os versos da minha poesia
Em muito tenho que aprimorar,
Também é longo o destino
Que eu pretendo desbravar,
Pois no meu fadário sou infante;
Na arte de versejar, um estudante
Inda longe de se formar...

Considero-me um aprendiz
De poeta, mas tenho fé
Que os meus versos sejam um dia,
Mesmo remando contra a maré,
Mundo afora reconhecidos
Muito embora eu não tenha sido
Um Patativa do Assaré...

Patativa pouco estudou,
Porém não teve dificuldade
Em assimilar que própria vida
É a melhor faculdade
Para se aprender de tudo,
Inclusive que, sem estudo,
É possível ter felicidade.

Embora eu tenha estudado
E muitas coisas aprendido,
Não me é possível alcançar
O mesmo nível do falecido
Patativa do Assaré
Que há muitos anos é
Dentre tantos o mais lido.

Como bem podemos ver
Nestas brancas folhas de papel,
As semelhanças que existem
Entre mim e o grande Menestrel
Não passam de mera pretensão
De um poeta cuja intenção
Foi só escrever este cordel.

2 comentários:

  1. Excelente, meu amigo poeta Joésio!
    O grande e imortal Patativa é incomum pela genialidade com as palavras, e essa é sem dúvida a maior das semelhanças entre vocês!
    Grande Abraço!

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  2. Caro amigo Vital, teu comentário me deixa deveras lisonjeado. Muito obrigado!...

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