quarta-feira, 31 de março de 2010

CRÔNICA DA SEMANA


UM PAÍS DESARRUMADINHO...
(Taís Luso de Carvalho)

Felizmente nem todos pensam como eu: tem gente que é feliz, que tem esperança, tem seu partido político, e acredita em mudanças. Dizem por aí que um dia a casa se arruma. Ter esperança é fundamental para uma vida saudável. Gostaria de tê-la, quanto ao nosso país.
Atualmente nossos políticos nos oferecem duas alternativas: a terapia da aceitação e a terapia do riso. Segundo alguns entendidos em saúde mental, rir é uma forma de libertar-se e de se comunicar. E quando perdemos o hábito de rir começamos a morrer. Então penso que chorar não adianta mais; me matar não resolverá nada, ninguém sabe que existo... (Acho que hoje estou um pouco dramática, vou suavizar.)
Bem, mas seguindo os conselhos mais saudáveis, resolvi, todas as segundas feiras entrar em terapia de apoio - antes de ficar pinel -, assistindo o humorismo do CQC, que na minha opinião é o melhor no estilo. Entro em alerta máximo: fico sabendo de tudo, sem estresse, e ver nossos deputados e senadores constrangidos com o sarcasmo ferino do CQC - que não leva ninguém pra compadre; apenas mostram o que está acontecendo, e dão os nomes...
É muito engraçado ver tanta gente destrambelhada, fugindo dos repórteres, tentando esconder suas caras. Sim, porque poucos falam coisa com coisa naquela casa... A casa do povo precisa ser mais arrumadinha. Decente. Sem vícios.
Deu pra ver que tem gente por lá que não sabe nada sobre os projetos em votação. Eu não tenho obrigação de saber sobre os projetos, mas eles têm: estão ganhando pra isso. E constatar tal descaso, dá medo. As eleições estão chegando e a turma vai viajar como nunca. E os projetos serão empurrados com a barriga. Não estou dizendo nada que já não se saiba. Constataremos tudo no torturante Horário Político Nacional - quando a podridão aflorará à escala máxima. Mas acredito que tais permutas de agressões não farão muita diferença no contexto geral.
Cansei de ser generosa; perdi a capacidade de lidar com certos imprevistos e de ver cuecas, meias e bolsas servirem para outras coisas mais.
Algumas almas caridosas - que ainda acreditam nos homi - andam dizendo por aí que o sofrimento eleva o espírito e serve para o nosso crescimento; e que um dia a gente acerta no alvo. Tá bom...Tô achando uma baita notícia.
Mas quem pensa em crescer e elevar seu espírito vendo seu emprego ir pro brejo e sua família morrer à míngua? Como dá pra crescer se existe – lá pelas bandas de Brasília – gente preocupada em fazer um bom pé-de-meia?
Como dá pra crescer com tanta corrupção sem punição?
Como dá pra crescer com escolas, postos de saúde, asilos e hospitais - em muitos lugares – esquecidos e funcionando à meia-boca?
Como dá pra crescer se os médicos que trabalham na rede pública, por ganharem um salário minguado, precisam trabalhar em outros empregos ficando a população à deriva?
Como dá pra crescer com bueiros entupidos e o caos se instalando, à menor chuvinha, levando tudo pro brejo e a coisa sem solução?
Como dá pra crescer sem emprego, faltando escola, faltando professor e os alunos perdendo o respeito e se atracando nos colégios?
Como dá pra alguém crescer sabendo que segurança é ilusão; que nos parques, nas lojas, nos escritórios, nas ruas e nos Bancos podemos trombar com um '38' fincado na testa?
A base de uma sociedade saudável são suas crianças, e enquanto estiverem abandonadas seremos apenas o que somos, nada mais.
Ah, que programaço sentar na frente da televisão, nesse torturante horário político, com bandeirinha na mão e esperança no coração...

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