terça-feira, 19 de maio de 2009

CRÔNICA DA SEMANA


A IMPORTÂNCIA DO LEITOR
(Jorge Humberto)

A liberdade de escolha (concordando ou não), quanto às preferências de leitura, de nossos leitores só a eles lhes assiste, enquanto a nós, poetas, cabe-nos persistir, entre o amor e as injustiças, nada omitindo ou floreando ao deixar de tratar as coisas pelos seus próprios nomes, por mais que doa o retrato fiel e doloroso que está por todo o lado, para onde quer que nos voltemos.
Confesso (de maneira a ficar de bem com a minha consciência) que lendo as estatísticas, certo desgosto apodera-se de mim ao reparar de punho cerrado que os leitores deixam de lado, sistematicamente, poemas que falam ao mundo sobre a triste e vergonhosa realidade de muitos países assolados pela fome e pela guerra, ficando assim sem saberem o que se passa de fato para poderem formarem uma ideia mais concreta do mundo, do qual todos nós fazemos parte, disso não olvidando nunca.
E ante a natural indignidade, espalharem a palavra pelas escolas, trabalho e amigos, lembrando-lhes que todos os cinco minutos, na África, morrem quatro crianças inocentes por má nutrição e falta de medicina, que nós no Ocidente e outros países desenvolvidos temos de sobra.
Vejo também que tudo que seja reflexão ou pensamento, que apenas expõe a opinião do poeta, e, a quem lê, toda a liberdade de dialogar consigo mesmo, reafirmando ou ajustando, o que têm por certo é coisa sem importância para a grande maioria dos leitores.
Assim, mais inconformado fico quando, perante o que eu acho, por injustificado (quem não lê sobre todos os temas fica a meio caminho), consternado, vejo-me obrigado a aceitar que apenas se dá atenção a poemas sobre sexo e amor, de alcova.
Mas como disse, livre é o leitor ante aquilo que resolve ler ou simplesmente ignorar. Ao poeta, a responsabilidade de um dia vir a mudar tal situação e escrever sem parar a complexidade desse nosso pequeno mundo, mas que tanto tem para nos dizer.
Por fim, para os mais acérrimos nessas coisas da leitura, dizer-lhes que “sim senhor, também escrevo sobre o amor, que de amor, seria o mundo”. Mas não é. Penso, pois, caber-me algum respeito ao por mim delineado sobre o que penso, deveria ser a conduta, a ter de agora em diante por todo o leitor, de poesia e demais escritas.

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