quarta-feira, 30 de junho de 2010

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

RETALHOS DA ALMA
(Efigênia Coutinho)

Acaricia-me um olhar efêmero
agarrando à rima com esmero.
Vem da alma a estrofe iluminada
ao final resplandece alucinada!...

Ó Alma, quem há de dizer, contudo,
tuas infinitas angústias ao mundo?
Se sangras no teu sonhar mudo
a sufocar o teu grito em tudo?...

Este sonho se vai Alma rara!
Morrendo aos céus brandido.
No tempo, as confissões calara
emudecendo um Amor bandido!

Morres Alma, em sono profundo,
mas deixas os retalhos em tudo
para saberem que em teu amor mudo,
neste mundo, fostes um Mundo!...


EU NÃO SINTO A SOLIDÃO
(Gabriela Mistral)

É a noite desamparo
das montanhas ao oceano.
Porém eu, a que te ama,
eu não sinto a solidão.
É todo o céu desamparo,
mergulha a lua nas ondas.
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.
É o mundo desamparo,
triste a carne em abandono
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.

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