quarta-feira, 9 de junho de 2010

MEUS VERSOS LÍRICOS

APARTHEID
(Joésio Menezes)

Sou filho do apartheid,
O sofrer é meu irmão...
Soweto, sou gueto, sou preto
Vítima da segregação.
Dizem que sou inferior
E por causa da minha cor
Não me estendem a mão.

Não tenho meus direitos
Políticos ou sociais.
E até a própria liberdade
Eu não a tenho mais,
Pois fora de Soweto
Sou gueto, sou preto
Nas páginas policiais.

A violência do apartheid
Noticiada nos jornais
Mobilizou a humanidade
E por isso não sofro mais,
Mas ainda sou do gueto
E me orgulho de ser preto,
Como os meus ancestrais.

Meus filhos hoje sofrem,
Por serem filhos de um “negão”
E netos do apartheid
Que só lhes trouxe humilhação.
Sou preto... sou do gueto,
Mas a eles eu prometo
O fim da segregação.


PRÍNCIPE DESENCANTADO
(Joésio Menezes)

Sou um príncipe desencantado
E o castelo do meu principado
Fica além de Lugar Nenhum.
Estou à procura de uma rainha
Que à noite seja só minha;
Durante o dia, de qualquer um.

Sou um príncipe sem encanto,
Sem escrúpulo, sem pranto
Para chorar por alguém...
Sou um “nobre” insensível,
Insensato, desprezível,
Respeitado por ninguém...

E essa minha “majestade”
Não merece fidelidade
Tampouco o título de Alteza,
Pois sou um príncipe maculado
Pelo desejo do pecado
E vivo às margens da nobreza.

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