terça-feira, 27 de outubro de 2009

MEUS VERSOS LÍRICOS


*CORDEL A LOUIS BRAILLE
(Joésio Menezes)

Em mil oitocentos e nove,
No dia quatro de janeiro
Nascia Louis Braille,
Menino corajoso e guerreiro,
Filho de Simon Braille,
Um conceituado seleiro.


Nascido em Coupvray,
Cidade próxima a Paris,
Louis tinha tudo na vida
Para ser um garoto feliz,
Mas um acidente doméstico
Podou seus sonhos infantis.

Brincando na oficina do pai,
Aos três anos de idade,
Um instrumento pontiagudo,
Numa triste fatalidade,
Vazou seu olho esquerdo,
Reduzindo-lhe a visibilidade.

Dois anos mais tarde,
Uma grave infecção
Afetou-lhe o outro olho
E tirou-lhe o resto da visão.
Agora, totalmente cego,
Louis viveria na escuridão.

Porém sua vivacidade
Ajudou-lhe a desenvolver
Sua natureza investigadora
Que o ajudaria a bem viver
Num mundo cheio de luzes
Que ele jamais poderia rever.

A sua cegueira total
Não o impediu, porém,
De frequentar a escola
Nem de se tornar alguém
Capaz de mudar a visão
Do mundo e a sua também.

Aos dez anos de idade,
Por ser um aluno brilhante,
Ganhou uma bolsa de estudos
Que o levaria adiante
Na caminhada da vida,
Da qual inda era infante.

Conheceu o método de Barbier
Ainda na pré-adolescência,
Um método que o ajudaria,
Se usado com inteligência,
Nas dificuldades encontradas
No decorrer da sua vivência.

No entanto, suas limitações
Obrigaram-no a pesquisar
O método de Barbier
Com o intuito de encontrar
Uma saída para os problemas
Que o impediam de estudar.

Depois de alguns estudos,
No auge dos quinze anos,
Louis criou seu método:
O Braille, que mudaria os planos
De vida dos não videntes
Isolados dos outros humanos.

Aos dezessete anos,
Na função de professor,
Louis ensinava aos cegos,
Com dedicação e amor,
Usando o método Braille,
Do qual foi criador.

Alguns anos mais tarde,
Seu sistema genial
Também foi usado
Na notação musical
E na tradução de textos
Para o deficiente visual.

Aos vinte e seis anos,
Com a saúde já deficiente,
Contraiu uma tuberculose,
Mas teve vida suficiente
Para ver seu método Braille
Reconhecido publicamente.

Demitiu-se do magistério
Em mil oitocentos e cinquenta
Em virtude da saúde frágil
E da vida turbulenta,
Dedicando-se somente ao piano,
Quando já passava dos quarenta.

Em mil oitocentos e cinquenta e dois,
O menino que perdera a visão
Na oficina do próprio pai
Sentiu parar seu coração,
Mas faleceu com a certeza
De que sua luta não foi em vão.

*Texto vencedor do Concurso Literário 200 anos de Louis Braille, realizado pela Sociedade Bíblica do Brasil, em São Paulo.

3 comentários:

  1. Agora, querido Joésio, você me emocionou... Obrigada!

    Beijos

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  2. Parabéns, amado primo! Com tão belos versos, conseguiu o merecido prêmio!
    Parabéns!!!

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  3. Fractal sou eu: Conceição, sua admiradora. Bjs.

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