terça-feira, 7 de abril de 2009

UM DEDO DE PROSA


SOB O DOMÍNIO DA MILÍCIA CEREBRAL

É quase sempre a mesma coisa: sento-me diante do computador com a intenção de escrever algo. De repente, as ideias fogem, as palavras relutam em não darem as caras, a inspiração parece faltar-me...
Desisto e, então, resolvo navegar pela internet, pois lá muita coisa podemos encontrar de interessante. Até mesmo as notícias mais bisonhas podem se tornar interessantes diante da nossa falta do que escrever.
Acesso um site aqui, leio um texto ali, outro acolá e mais outro logo adiante. São catástrofes, catástrofes e mais catástrofes. Naturais ou provocadas pelos homens, ali estão elas descritas nos mínimos detalhes: secas, incêndios, enchentes, desmoronamento de encostas, terremotos, ciclones, furações...
Outros “pratos-cheios” aos que gostam de saborear desgraças são servidos ao longo do passeio pela internet: Economia mundial em crise, bolsas que caem, aumento na taxa de desemprego, loucos atirando contra a multidão sem motivo algum, homens-bomba agindo no oriente, ditadores lançando míssil pelos ares, pais matando filhos e vice-versa, rebelião em presídios, milícias acobertando o tráfico de drogas nas favelas e cobrando “pedágio” para o tráfego dos seus moradores.
Voltando ao primeiro parágrafo deste meu texto, às vezes penso que, já aliciados pelo que veem e leem na internet, meus neurônios entraram para a “milícia” comandada pelo cérebro e só permitem o tráfego das minhas idéias mediante pagamento de alguns milhões de células renovadas, e essas idéias por sua vez subornam minha inspiração permitindo-lhe o acesso à mente somente após a ordenação e seleção do que se pretende expor.
Talvez a melhor solução seja sentar-me diante do computador com os textos já escritos e, se possível, selecionados, o que dificultaria a ação das ideias subornadoras. Tal iniciativa poderá evitar a criação, exposição e disseminação daqueles textos que abordem catástrofes, crises, conflitos (políticos, religiosos, étnicos e/ou sociais) e ações homicidas.

3 comentários:

  1. Assim é o desafio da Vida, querido amigo Joésio! Plantar flores no pântano... E você, faz isso muito bem, me diz aqui ao lado, o saudoso Duende Lilás.

    Perdoe-me a ausência... Há mais de cinco meses meu pai foi hospitalizado e faleceu recentemente... Agora, volto aos poucos à vida na Web.

    Beijos, com carinho, Madá

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  2. pois é caro Joésio...

    mais uma vez consegues surpreender-me ao plantar plantas no platano...


    saudações poéticas...

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  3. (...) o mundo não tem novidades... para os que querem viver bem, renovem-se a cada dia! bjo

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