segunda-feira, 27 de outubro de 2008

RESENHA LITERÁRIA


O MULATO
(por Frederico Barbosa)

Com a publicação de O Mulato, em 1881, Aluísio Azevedo introduz o Naturalismo na literatura brasileira e faz uma crítica anticlerical e anti-racista da sociedade provinciana do Maranhão.
No mesmo ano em que Machado de Assis inaugurava, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, o Realismo nas letras brasileiras, Aluísio Azevedo publicava O Mulato, obra inaugural do Realismo-naturalismo no país. Em seu segundo romance, o escritor maranhense realiza uma impiedosa crítica social através da sátira dos personagens típicos de São Luís. Os comerciantes grosseiros, as senhoras de escravos sádicas, as velhas beatas e fofoqueiras e o padre sedutor, maquiavélico e assassino são apenas alguns exemplares de uma sociedade apodrecida e racista. Ao se inspirar em pessoas de São Luís que de fato conhecia, Azevedo despertou a ira da sociedade maranhense e, embora louvado por críticos do Rio de Janeiro, teve que sair da sua cidade natal temendo maiores represálias.
No anticlericalismo evidente da obra, há ecos do Crime do Padre Amaro (1875) de Eça de Queirós, até então o maior expoente do Naturalismo na língua portuguesa.
No entanto, a obra ainda apresenta alguns resíduos românticos. Aluísio Azevedo, na reta final da campanha abolicionista, idealiza a figura do mulato Raimundo, que pouco retém, na pele, das suas origens negras – “grandes olhos azuis, cabelos pretos e lustrosos, tez morena e amulatada, mas fina" – e é moralmente impecável. A trama central repete o estereótipo romântico do amor que luta contra o preconceito e as proibições familiares.

(Fonte: www.fredb.sites.uol.com.br)

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