terça-feira, 22 de março de 2011

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A ÁGUA
(Andrea Joy)

Tão subjetivo tema,
Tão necessário lema.
Águas do Rio Sena,
Água da fonte serena.

Fúria e calmaria,
Água que lava o dia,
Chuva de desperdício,
Falta d’água é sacrifício.

Água do corpo hidratado,
Água do ventre lacrado,
Água das entranhas escorre,
Dentro da água gera o nobre.

Água que brota da terra...
Falta água na guerra.
Guerra lembra desamor,
Água alivia a Dor.

Composição divina,
Pura, clara, cristalina...
“Irreconhecível” valor,
Elemento cheio de sabor.

Alimento da vida,
Doa-se na lida,
Enriquece sonhos
Em preciosos banhos.

Com inexplicáveis atos
Jogam dejetos nos lagos.
Por alienação de alguns viventes,
Morrem muitas nascentes.
Água, ignorar sua essência
É não querer a própria existência.


O BICHO
(Manuel Bandeira)

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem...

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