quarta-feira, 30 de março de 2011

UM DEDO DE PROSA


O DIA DA MINHA PARTIDA

Se eu pudesse escolher o dia da minha partida, escolheria um dia da primavera em que as flores estivessem esbanjando vitalidade e beleza; em que os majestosos colibris, encantados e inebriados com o perfume que delas exala, nos presenteassem com a leveza e a elegância do seu voo; em que as borboletas exibissem seu balé de asas coloridas ao som de um belíssimo coral formado por rouxinóis e bem-te-vis; em que os ventos espalhassem pelo ar o cheiro afrodisíaco da felicidade que as flores nos proporcionam.
Se eu pudesse escolher o dia da minha partida, e não me fosse permitido partir na primavera, eu escolheria um dia em que o homem estivesse em harmonia com a Natureza; em que o amor tivesse derrotado o ódio; em que a fome e a miséria fossem extintas do planeta Terra; em que os conflitos políticos, religiosos, raciais e sociais não mais existissem entre os homens.
Ah!... se eu pudesse escolher o dia da minha partida, escolheria o dia em que a inspiração do Criador superasse aquela do dia que Ele soprou as narinas da primeira mulher e a ela deu vida, pois certamente meus parentes e amigos não chorariam a minha morte, mas sim celebrariam o fim do ciclo de uma vida.
Enfim, seu eu pudesse escolher o dia da minha partida, e não me fosse possível escolher nenhum dos dias anteriores, eu escolheria o dia em que todos os povos estivessem festejando a PAZ mundial.
MEUS VERSOS LÍRICOS


SONETO AO TEU SORRISO
(Joésio Menezes)

Esse teu sorriso
Sincero e insinuante
Me tira o juízo,
Me deixa radiante...

Me leva ao paraíso
E de forma extasiante
Me deixa indeciso
Tal qual um iniciante.

Esse riso teu
Me leva ao apogeu
E felicidade me traz.

E se ele tem o poder
De abrandar o meu sofrer,
De muito mais será capaz!...


ACASALAMENTO
(Joésio Menezes)

A troca de olhares,
O sorriso,
A insinuação.

O aceno,
O consentimento,
A aproximação.

O abraço,
Os beijinhos,
O aperto de mão.

A conversa,
Os trejeitos,
A descontração.

O convite,
O acerto,
A confirmação.

O encontro,
Os afagos,
A iniciação.

Os arrepios,
O desejo,
O tesão.

A intimidade,
A entrega,
A copulação.

Os sussurros,
Os gemidos,
A explosão!...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


O CICLO DA VIDA
(Charles Chaplin)

A coisa mais injusta sobre a vida
é a maneira como ela termina.
Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida
está todo de trás pra frente.
Nós deveríamos morrer primeiro,
nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora
de lá por estar muito novo.
Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então, você trabalha 40 anos
até ficar novo o bastante
pra poder aproveitar sua aposentadoria.
Aí você curte tudo, bebe bastante álcool,
faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas,
vira criança, não tem nenhuma responsabilidade,
se torna um bebezinho de colo,
volta pro útero da mãe,
passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
E termina tudo com um ótimo orgasmo!

Não seria perfeito?


PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
(Augusto dos Anjos)

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
CRÔNICA DA SEMANA

O MUNDO SEM MULHERES
(Arnaldo Jabor)


O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra quê?
O sujeito quer ficar famoso pra quê?
O indivíduo malha, faz exercícios pra quê?
A verdade é que é a mulher o objetivo do homem. Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função da mulher. Vive e pensa em mulher o dia inteiro, a vida inteira.
Se a mulher não existisse, o mundo não teria ido pra frente. Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem, para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo. Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.
Já dizia a velha frase que “atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher”. O dito está envelhecido. Hoje eu diria que “na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher”.
É você, mulher, quem impulsiona o mundo. É você quem tem o poder, e não o homem. É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias...
Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida, ficou na frente de todos os homens.
E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher. Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua. Só homens.
Já pensou?... Um casamento sem noiva? Um mundo sem sogras?
Enfim, um mundo sem metas.

terça-feira, 22 de março de 2011

UM DEDO DE PROSA

FLORES, MÚSICA E POESIA ÀS MULHERES

Enquanto o mundo comemora o DIA MUNDIAL DA ÁGUA (celebrado hoje, dia 22/03), encontro-me ainda em estado de êxtase por ocasião da noite da última sexta-feira, dia 18/03, quando reuni os amigos para uma NOITE DE AUTÓGRAFOS do meu mais recente trabalho poético: Mulheres, Flores e Outros Amores, realizada no Salão de Festas do Casarão Hotel, em Planaltina-DF.
Sou suspeito para falar, mas foi uma noite agradabilíssima, em que os convidados deleitaram-se com um Sarau de Música e Poesia, promovido pela Academia Planaltinense de Letras.
Meus amigos-poetas Adenir Oliveira, Geralda Vieira, Kora Lopes, Xiko Mendes, Vanilson Reis e Vivaldo Bernardes ajudaram-me a homenagear as mulheres presentes ao evento. Todos declamaram poesias dedicadas ao público feminino. E durante o sarau, rosas foram distribuídas às meninas.
O grupo musical Riacho de Maná (representado por Gersinho, Ari Feitosa e Marcos Alagoas) ficou responsável por animar os convidados com suas belíssimas canções, cujo refinado repertório caiu no gosto do público, que se fez presente até o último minuto da festa, encerrada às 22 horas.
Hoje, sinto-me um homem realizado, pois mais uma vez São Pedro provou que é meu amigo e ordenou que a chuva - frequentadora assídua dos meus eventos – parasse um pouco antes do início da festa, permitindo assim que os convidados se fizessem pressentes à NOITE DE AUTÓGRAFOS.

MEUS VERSOS LÍRICOS


NA PASSAGEM DO TEMPO
(Joésio Menezes)

O tempo passa, a vida passa
E nesse passa e repassa
Passo o tempo à procura de ti...
O vento passa resvalando em mim,
Refrescando as flores que há no jardim,
Sustentando o voo do pequeno colibri.

O vento volta e com ele a graça
Envolta no vulto do colibri que passa
Trazendo no bico o pólen da flor...
O vento passa na praça espalhando
O pólen levado pelos colibris em bando,
Ali deixando a semente do amor.

O tempo passa e com ele aumentado
As angústias que a mim vão chegando,
As tristezas que até hoje vivi...
O tempo passa, a vida passa,
Mas, nesse passa e repassa
Não passa a saudade que sinto de ti...


A NATUREZA PEDE SOCORRO
(Joésio Menezes)

É com pesar e humildade
Que peço à humanidade
Um pouco mais de cuidado,
Pois, à míngua estou morrendo
E comigo vão desaparecendo
O que pelo Criador foi deixado...

No alto da sua ignorância,
Desconhece o homem a importância
Que tem para a vida a natureza.
Ele tudo devasta, polui, contamina,
Desmata, queima, extermina,
Causando-me dor e tristeza.

Cada floresta por ele desmatada
É uma vida de mim abortada,
É a morte certa de um afluente...
A cada dejeto no rio despejado,
Em cada árvore queimada no cerrado,
Comigo morre o homem lentamente.

Por isso, peço que se manifeste,
De norte a sul, de leste a oeste,
Uma brigada de conscientização,
Para que o homem possa reencontrar
Uma maneira de sua vida melhorar
Sem queimadas, desmatamento ou poluição.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A ÁGUA
(Andrea Joy)

Tão subjetivo tema,
Tão necessário lema.
Águas do Rio Sena,
Água da fonte serena.

Fúria e calmaria,
Água que lava o dia,
Chuva de desperdício,
Falta d’água é sacrifício.

Água do corpo hidratado,
Água do ventre lacrado,
Água das entranhas escorre,
Dentro da água gera o nobre.

Água que brota da terra...
Falta água na guerra.
Guerra lembra desamor,
Água alivia a Dor.

Composição divina,
Pura, clara, cristalina...
“Irreconhecível” valor,
Elemento cheio de sabor.

Alimento da vida,
Doa-se na lida,
Enriquece sonhos
Em preciosos banhos.

Com inexplicáveis atos
Jogam dejetos nos lagos.
Por alienação de alguns viventes,
Morrem muitas nascentes.
Água, ignorar sua essência
É não querer a própria existência.


O BICHO
(Manuel Bandeira)

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem...
CRÔNICA DA SEMANA


AS MULHERES DE 30
(Mário Prata)

O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz: “Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.
Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: 'Madame Bovary c'est moi'. E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?
Mas voltemos a nossa mulher de 30, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinha. Sim, a mulher de 30 bebe. A mulher de 30 é morena. Quando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passa, automaticamente, a ter 40. E o que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha!
A mulher de 30 está para se separar. Ou já se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamento. Em compensação, ainda antes dos 40 elas arrumam o segundo e definitivo.
A grande maioria tem dois filhos. Geralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigo, quando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pela frente. Elas querem casar.
Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar!...
O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anos, toda de branco, com o estetoscópio balançando no decote de seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de 30 guiando jipe? Covardia.
A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30?
Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.
São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam. Chegam lá atrás, no Balzac: 'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'.
Ponto. Pra elas.

quinta-feira, 17 de março de 2011

UM DEDO DE PROSA
A QUEM INTERESSAR POSSA

Em 14 de maço p.p. comemorou-se o DIA DA POESIA, considerada “uma das sete artes tradicionais, por meio da qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, retratando algo em que tudo pode acontecer, dependendo da imaginação tanto do autor quanto do leitor”.
Para muitos, a poesia nada significa, a não ser um amontoado de palavras que, às vezes, nada dizem e nada revelam. Já os mais sensíveis costumam dizer que a poesia é o meio mais apaixonado e mais apaixonante que o homem encontrou para melhor manifestar o que sente pela pessoa amada.
Para mim, a poesia é arte de escrever em versos e de forma sintética, de modo que tudo que ali seja dito fique eternizado na memória de quem a recebe ou de quem a ouve. É a poesia o caminho mais curto para se chegar ao coração daquela pessoa (ele ou ela) a quem foi ofertada. É a poesia, também, um estilo de vida, uma manifestação de carinho, de amor, de paixão...
E já que o assunto em pauta é a poesia, deixo aqui um convite aos que gostam dos versos: amanhã, 18/03, estarei lançando o livro de poesias MULHERES, FLORES E OUTROS AMORES, uma singela homenagem àquelas que tanto nos encanta e nos fascina (as mulheres), e uma exaltação à POESIA... O evento será realizado no Salão de Festas do Casarão Hotel (na pracinha do Museu), em Planaltina-DF, a partir das 19h30. Na ocasião, os convidados assistirão a um Sarau de Música e poesias, em que artistas da cidade e convidados se encarregarão de animar a noite.

Compareçam!!!

MEUS VERSOS LÍRICOS

VIAGEM AO UNIVERSO DA POESIA
(Joésio Menezes)

Na companhia dos meus sonhos
Viajei pelo Universo da poesia.
E passando por lugares incertos,
Vi Camões navegando sobre as águas
Dos “mares nunca dantes navegados”.

Em Pasárgada, encontrei Bandeira,
O amigo do rei,
Levando a mulher que ele sempre quis
Para a cama que escolheu.

Na Via-Láctea de Bilac,
Vi Cecília correndo
Entre os Canteiros da saudade
Em busca da felicidade,
Motivo pelo qual não é alegre nem triste,
É poeta...

Enquanto Augusto dos Anjos
Escarrava na boca que o beijara,
Vi Neruda escrever alguns Versos Tristes
E os oferecer a Marília de Dirceu
Em troca de um singelo favor:
Pedir a Drummond
Que tire a pedra do caminho de José,
Pois ele precisa chegar ao Navio Negreiro
Antes que Colombo feche as portas
Dos mares ao Fanatismo de Florbela.

Vi plantarem a Rosa de Hiroshima
Enquanto Mário Quintana
Entoava A Canção da Vida
Na tentativa de permitir
Que minha terra ainda tenha palmeiras
Onde possa cantar o sabiá.

E antes que minh’alma se tornasse pequena,
Fiz com que tudo valesse a pena:
Dancei A Valsa de Casimiro
Ao som da Harpa de Cruz e Sousa
E me pus, sorridente, a versejar.


MINHA POESIA
(Joésio Menezes)

No verso da minha vida
Há versos por toda parte.
Neles mostro minha arte,
Para muitos, desconhecida.

E de maneira comedida
Vou pedindo um aparte,
Para que nesse baluarte
Eu encontre minha guarida.

E por ela protegido,
Vou interpretando os alaridos
Dos versos que escrevo agora.

Só assim minha poesia
Se tornará algum dia
Conhecida mundo afora.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

DE CARA LAVADA
(Martha Medeiros)

Hoje me desfiz dos meus bens:
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos.

O quadro que fica atrás do bar,
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos.

A tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha,
testemunha do quanto erramos.

A cama, doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos.

Aquele cinzeiro de cobre,
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos.

Coube tudo num caminhão de mudança;
até a dor que não soubemos curar,
mas que um dia vamos!...


FANTASIA
(Patrícia Ximenes)

Hoje senti saudades
De uma vida que não é minha
Das pessoas que não são da família
De viver uma rotina
Aquela que eu vejo todos os dias
Na tela do meu computador.
Olho fotos, observo alegrias
Querendo participar daquilo
que vejo com tanta euforia!
Será que sou mal-agradecida?
Minha vida tão boa
Em relação a tantos que,
nesse momento, sofrem.
Por que me sinto assim?
Vivo num mundo triste
Onde não me encontro.
Será loucura o que se passa?
Não. Talvez seja uma fantasia
A que devolveria minha alegria.
CRÔNICA DA SEMANA

A MADRE SUPERIORA
(zailda coirano)

A madre superiora assombrou meus dias e minhas noites por 8 anos. Durante todo o ensino fundamental era a primeira pessoa que eu via, plantada à porta do colégio ou com uma régua em punho ao pé da escada, medindo as saias das alunas para assegurar-se que não estivessem mais que 5 centímetros acima do joelho.
Com os óculos minúsculos, por cima dos quais nos lançava olhares fulminantes por simplesmente existirmos e sua pesada régua de madeira que não hesitava em deitar sobre a mesa com estrondo pavoroso para nossos ouvidos medrosos, era a figura mais ameaçadora, que tanto povoava meus dias na escola, como meus pesadelos noturnos.
Aos quinze anos - já não estudava mais no colégio - eu estava um dia no portão de minha casa quando uma figura trajada de negro e de longas abas esvoaçantes, encarquilhada ao peso de uma horrenda mala marron aproximou-se, tomou fôlego e depositando a mala no chão, cumprimentou-me. Era a madre superiora.
Meu primeiro impulso foi correr, distanciando-me desse fantasma vindo diretamente da infância para me assombrar em plena luz do dia, mas o pavor paralisou-me. Fitei boquiaberta a estranha figura que me sorria.
Vi à minha frente apenas uma velhinha de óculos, encarquilhada pelo peso da idade, sorrindo que nem boba para uma aparvalhada como eu. Falou algo sobre uma viagem, o peso da mala (na certa insinuando que eu a ajudasse a levá-la até o colégio. Pediu um copo dágua.
Em silêncio fui buscar o copo, e foi com muita força de vontade que impedi-me de cuspir dentro antes de entregá-lo à madre. Ela, a exemplo dos outros seres humanos, tomava água. Percebi que suava, algo que nunca notara antes. Que arfava de cansaço e de calor. Era apenas uma velha.
Tagarelou um pouco mais, e vendo que eu não reagia, disse um "então vou andando", agarrou a mala e partiu. Fiquei olhando aquela velha enrugada e curvada arrastando aquele fardo até que virou a esquina. Era apenas uma velha. Não havia mais razão para ter medo. Eu estava livre e a salvo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

UM DEDO DE PROSA

A ELAS, COM CARINHO

Hoje, segunda-feira de carnaval, véspera do DIA INTERNACIONAL DA MULHER, preguiçosamente o Sol despontou no céu e logo exibiu um largo sorriso aos foliões, como se querendo dizer-lhes que amanhã será um dia muito especial, não somente porque é feriado, mas também porque comemorar-se-á o DIA DA MULHER, uma oportunidade a mais para estarmos ao lado daquelas que bem representam a sensibilidade e a beleza humana; daquelas cujo Criador confiou a responsabilidade de disseminar o Amor e semear seu fruto por toda a Terra.
Talvez por isso, os pardais tenham acordado numa festiva algazarra em homenagem ao dia que se aproxima. Mais tarde foram os bem-te-vis que marcaram presença nos pés de jamelão e nas barrigudas. Em bando, eles também demonstravam euforia, como se soubessem da importância e do real significado do dia de amanhã. Inda que não soubessem, o Sol e os pardais se encarregariam de dizer-lhes o que esse dia representa para as mulheres, seres delicados, majestosos e abençoados por Deus.
E no embalo dos pardais e dos bem-te-vis, escrevo hoje para elas, mas isso não impede que eles também possam ler e refletir sobre a importância que essas divinas e encantadoras criaturas têm em nossas vidas, na natureza, na existência e na perpetuação das espécies, na criação do Universo...
Como eu bem disse aqui mesmo no PORTAL DA POESIA, alguns meses atrás, “sem a presença delas em nosso meio, não fariam sentido o balé dos colibris ante o desabrochar das flores, o alvorecer, o crepúsculo, os raios do luar, o tilintar das estrelas, o suave sopro da brisa em nosso rosto, os sentimentos PAIXÃO e AMOR, os acordes harmoniosos do cancioneiro, os versos apaixonados do poeta, a razão daquele primeiro Sopro...”
Ah!... como seria muito bom se os homens valorizassem, amassem e respeitassem mais as suas fêmeas, não somente no DIA INTERNACIONAL DA MULHER, mas todos os dias do anos, todas as horas do dia.

Parabéns, MULHERES!... que Deus continue dando-lhes toda a formosura do Universo, e a nós, o privilégio da sua companhia.
MEUS VERSOS LÍRICOS

MULHER
(Joésio Menezes)

És tu, ó divina mulher,
O maior encanto do Universo;
A beleza poética de todo verso
Rimado ou sem rima qualquer.

És também, mulher amada,
A razão da nossa existência...
Do verdadeiro amor és a essência
Pelos mortais tão desejada.

És, inclusive, sinônimo de vida!
És pelos deuses a preferida,
És o retrato fiel do labor.

És a predileta da Mãe Natureza;
E para o poeta, com toda certeza,
És Musa, és deusa, és Mulher, és flor...


O BRILHO DIVINO DO TEU SER
(Joésio Menezes)

Mulher, o brilho do teu olhar
Reflete na retina do Universo,
Mostrando-nos quão sublimes
E radiantes são os raios de esperança
Na humanidade, lançados por ti
Na atmosfera como se fossem
Torpedos de amor.

E enquanto a Lua e as estrelas,
Num lampejo de sana inveja,
Lançam seus olhares para a Terra
Em busca de ti,
Os Arcanjos celestes encomendam
A Deus uma pequena porção
Do teu esplendor, a qual será jogada
Aos ventos com um único objetivo:
Levar a todos os seres
O brilho divino do teu ser.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

MULHER-FLOR
(Vivaldo Bernardes de Almeida)

Das flores que conheço és tu a mais formosa.
Não peco por dizer, não há outra igual.
Tu supres sem favor a mais altiva rosa,
o odor que tu exalas excede o sensual.

Mulher, tu és a flor! Ó flor, tu és mulher.
Igualam-se em beleza, igualam-se em odor
e fazem ambas de mim o que lhes aprouver,
tirados os espinhos e escondendo o odor.

Entanto, entre as duas se eu escolher pudesse,
ao certo elegeria rainha dentre elas
a mulher carinhosa à hora que eu quisesse.

Carinho é dom de Deus e dado à Mulher,
e feito com primor pra não deixar sequelas
e a flor murcha num dia como uma flor qualquer.


MULHERES IRRITADAS
(Augusto Branco)

Adoro mulheres irritadas,
Bravas,
Explodindo de raiva...

Poucas coisas deixam uma mulher tão sexy,
Tão charmosa
E tão convidativa ao prazer
Quanto aquele olhar possesso,
Aquele ar de que vai quebrar tudo
E mandar o mundo pelos ares,
Pelo simples fato de que algo
Não saiu ao seu gosto
Ou a contento seu

Mulheres assim são mais donas de si,
Mais donas do mundo
E dos homens também.
Tanto mais quando se sabe
Que por que por trás de tanta raiva,
De tanta fúria,
Há sempre um encanto de mulher
Que apenas espera receber exatamente
O que ela quer e merece:

Todo o carinho,
Toda a atenção,
E todo o amor que existe!
CRÔNICA DA SEMANA

SÓ TEM MULHER QUEM PODE...
(Luiz Fernando Veríssimo)

O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres, e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.
Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto sobrevivência, lanço a campanha “SALVEM AS MULHERES!”.
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:
Habitat: Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA.
Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.
Alimentação correta: Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro.
Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã mantêm-nas viçosas e perfumadas durante todo o dia.
Um abraço diário é como a água para as samambaias: não a deixa se desidratar.
Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.
Flores: Também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como: rispidez e brutalidade.
Respeite a natureza: Você não suporta TPM? Então case-se com um homem!!!
Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia... Discutir a relação?
Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.
Não tolha sua vaidade: É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping.
Entenda tudo isso e apóie!
Cérebro feminino não é um mito: Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, eles procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas infelizmente o aposentam!). Então, aprenda mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.
Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher! Algumas vão lhe mostrar que têm bem mais massa cinzenta que você, porém, não fuja dessas! Aprenda com elas, cresça e não se preocupe, pois, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres!
Não faça sombra sobre ela: Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você pegará um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, o máximo que você vai levar é um pé-na-bunda!!!
Aceite a realidade: mulheres têm luz própria e não dependem de homem algum para brilharem.
O homem sábio alimenta os potenciais de sua parceira e os utiliza para motivar os seus próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, estará salvando a si mesmo!
É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay!
Só tem mulher quem pode!...

quarta-feira, 2 de março de 2011

UM DEDO DE PROSA

FANTASIA DE CARNAVAL

A poucos dias do carnaval, ainda não sei que fantasia usar: se a de viajar por meio da leitura ou a de exilar-me numa chácara e lá ficar com a minha “Colombina” durante o período festivo, fazendo uma reflexão do que fiz de errado entre o carnaval do ano passado e esse que se inicia.
De repente a segunda alternativa seja a melhor, pois o contato com a natureza nos leva a refletir o quão alienado e vulnerável estamos às mazelas da vida urbana e, consequentemente, aos problemas que isso nos traz à saúde física e mental.
Para que o nosso corpo funcione perfeitamente, necessário se faz que ele esteja em sintonia com a mente. Ambos devem trabalhar em conjunto. Se assim trabalharem, nossa qualidade de vida alcançará um alto índice de durabilidade. Se a mente está sã e o corpo saudável, capazes somos de realizar toda e qualquer atividade com êxito acima do esperado. Se ambos estão em sintonia, a possibilidade de errarmos é quase nula e a satisfação pessoal será frequente.
Para alguns, essa satisfação se dá quando conseguem unir o útil ao agradável, ou seja, se corpo e mente estão saudáveis, por que não aproveitar os prazeres da vida enquanto vida ainda têm? E se dentre esses prazeres estiver incluído o Carnaval, por que não curti-lo?...
Voltando à fantasia ainda indefinida, não me furtarei o direito de usar as duas mencionadas no início deste texto, pois são elas alguns dos prazeres que a vida me oferece.
MEUS VERSOS LÍRICOS

O MOSQUITO
(Joésio Menezes)

Aquela jovem senhora
Estava na missa rezando
Quando um mosquito ateu
Sorrateiro veio chegando
Atraído pelos pudores
Dos seus pomos encantadores
A ele se mostrando.

Sem qualquer cerimônia,
O mosquito, num voo rasante,
Aterrissou em seus pomos
De maciez inebriante...
E como quem nada queria,
Ele entre os seios descia
Querendo ir mais adiante...

Durante o passeio do mosquito
Sob a roupa da jovem senhora,
Sua angústia ela disfarçava
E pedia à Nossa Senhora
Que aquele pequeno inseto
Fosse um pouco mais discreto
E se aquietasse naquela hora.

E enquanto ela pedia
A ajuda do Sacrossanto,
O mosquito por sua vez
Ziguezagueava tanto
Que aquela serva de Deus
Pedia que os apelos seus
Fossem esquecidos, por enquanto.

Mas percebendo os olhares
Que lançavam sobre ela,
Aquela jovem senhora
Resolveu não mais dar trela
Ao mosquito libertino
Que descia em desatino
Sob as vestimentas dela.

Foi aí que ela resolveu
Dar um fim à sua agonia:
Sobre a roupa ela apalpava
O mosquito que seguia
Sua trajetória sem receios
Que teve início lá nos seios,
Mas o destino não se sabia...

A contragosto ela prendeu
Com a ponta do indicador
Aquele inseto atrevido
Que lhe instigara o pudor
E levantou discretamente
A blusa e, finalmente,
Livrou-se do inseto pecador.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

SEGREDO
(Mariana Lima)

Não devo te querer, bem sei
Porque não posso te amar;
Ainda que o amor em meu peito
Esteja a dilacerar
Insistindo com o coração
A ideia de te procurar.

O desejo de teus beijos, eu sinto.
É uma verdade, não minto,
Mas sei que é um amor impossível;
É um querer sem razão;
Apenas um sentimento ingênuo
Do meu pobre coração.

Noites sem fim em minha cama
Penso em ti minha dama,
É difícil adormecer!
Não consigo entender
Esse amor que me invade a alma
Tirando-me o sono e a calma.

Ainda assim, preciso ponderar,
Estamos tão longe um do outro
Como o sul está do norte,
Tu, és dama da corte
E eu, um plebeu sem sorte.

Guardarei só para mim
O desejo de te amar,
Não saberás de mim,
Nem das minhas ansiedades
Ficarei no anonimato
Com minha infelicidade.


MULHER CIGARRA
(Joeusa Fortuna Salles Santos)

Como a cigarra
ela vive deslumbrada,
embriagada pelo Sol, pelo luar,
pelo azul, pelo verde, pelo mar,
pela flor, pelo fruto, pelo amor...
E canta o seu encanto,
e dança o balé do tempo,
e se entrega inteira,
conquistada pela vida...
Mas, quanto mais vive,
mais teme o desencanto
e só quer viver o que lhe parece belo,
só quer dançar os acordes mais bonitos,
e canta, canta sem parar,
cada vez mais alto e mais forte,
temerosa de ouvir outros sons
que não quer ouvir...
E canta, canta e canta
o seu encanto já desencantado,
sem tempo de tomar fôlego e de respirar...
E canta e recanta, mulher cigarra,
até que seu peito estoure
e sua música se misture ao vento...
CRÔNICA DA SEMANA

CARTA DE DESPEDIDA
(Lucas do Nascimento Silva)

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema.Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüiféros, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele bobão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou - me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.
Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,

ass: Trema.