quarta-feira, 28 de abril de 2010

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


VEÍCE
(Carlos Alberto Teixeira)

Vô contá como é triste
vê a veíce chegá,
Vê os cabêlo caíno,
vê as vista encurta,
vê as perna trumbicano,
com priguiça de andá.
Vê "aquilo" esmoreceno
sem força prá levantá.

As carne vai sumino,
vai parecêno as veia;
as vista diminuíno
e cresceno a sombrancêia.
As oiça vão encurtano,
vão aumentano as orêia,
os ôvo dipindurano
e diminuíno a pêia.

A veíce é uma doença
que dá em todo cristão:
dói os braço, dói as perna,
dói os dedo, dói a mão;
dói o figo e a barriga,
dói o rim, dói o pulmão;
dói o fim do espinhaço,
dói a corda do cunhão.

Quando a gente fica veio
tudo no mundo acontece:
vai passano pelas rua
e as menina se oferece.
A gente óia tudo,
benza Deus e agradece,
Correno ligeiro prá casa
ou procurano o INSS.

No tempo que eu era moço,
o sol prá mim briava,
eu tinha mil namorada,
tudo de bão me sobrava.
As menina mais bonita
da cidade eu bolinava.
Eu fazia todo dia,
chega o bichim desbotava.

Mas tudo isso passô,
faz tempo ficô prá tráis.
As coisa que eu fazia
hoje num sô capaiz.
O tempo me robô tudo
de uma maneira sagaiz.
Prá falá mesmo a verdade,
nem trepá eu trepo mais.

Quando chega os setenta
tudo no mundo embaraça.
Pega a muié, vai pra cama,
aparpa, beija e abraça,
porém só faz duas coisa:
solta peido e acha graça.

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