quarta-feira, 7 de abril de 2010

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



AS ÁGUAS DO RIO
(José Carlos Brandão)


A rosa floresce.
Junto à fonte interminável
Abre as pétalas de luz.
Um bem-te-vi anuncia o arrebol.

Na harpa da palavra,
Com os dedos em chamas,
Vou tangendo o universo.
No meu olhar cai o orvalho da manhã.

Vejo a tua face na gota de orvalho.
A libélula se procura à beira d’água.
Ouve-se o som da sombra de uma folha.

O poeta vive à beira do abismo e do êxtase.
As águas do rio estão dentro dos meus olhos,
Nunca acabam de passar.


POEMA DAS ÁGUAS
(Lílian Reinhardt)

Água pura,
cristalina,
sereno,
orvalho,
neblina,
hálito da noite,
ainda menina,
lava os pensamentos meus...
Águas das bicas,
das cachoeiras,
das fontes,
das enxurradas,
limpa as minhas madrugadas...

Água- chuva,
chuva-água,
no poço fundo encontrada,
água nos velhos telhados pousada,
branca do céu caíndo,
escreve na vidraça empoeirada,
que o tempo ainda não é findo!

Água impetuosa,
nos braços do vento agitada,
corpo dos mares,
dos oceanos,
explica aos que não entendem,
que entre as águas,
não há enganos.

Fio d'água turva do caminho,
é água das grandes águas!....

Nenhum comentário:

Postar um comentário