quarta-feira, 15 de julho de 2009

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


VIOLETA
(Casimiro de Abreu)


Sempre teu lábio severo
Me chama de borboleta!
- Se eu deixo as rosas do prado
É só por ti - violeta!

Tu és formosa e modesta,
As outras são tão vaidosas!
Embora vivas na sombra
Amo-te mais do que às rosas.

A borboleta travessa
Vive de sol e de flores...
- Eu quero o sol de teus olhos,
O néctar dos teus amores!

Cativo de teu perfume
Não mais serei borboleta;
- Deixa eu dormir no teu seio,
Dá-me o teu mel - violeta!


POEMA DO AMOR ARDENTE
(J. G. de Araújo Jorge)

Gosto de ti
Desesperadamente;
Dos teus cabelos de tarde
Onde mergulho o rosto,
Dos teus olhos de remanso
Onde me morro e descanso,
Dos teus seios de ambrosias
Brancos, manjares, trementes,
Com dois vermelhos morangos
Para as minhas alegrias.

Do teu ventre - uma enseada
Porto sem cais e sem mar,
Branca areia a espera da onda,
Que em vai e vem vai se espraiar,
Dos teus quadris, instrumento
De tantas curvas, convexo,
Das tuas coxas que lembram
As brancas asas do sexo.

Do teu corpo, só de alvuras,
Das infinitas ternuras,
De tuas mãos, que são ninhos
De aconchegos e carinhos
Mãos agora, que parecem
Que só de carícias tecem
Esses desejos da gente...

Gosto de ti
Desesperadamente!

Gosto de ti, toda inteira,
Nua, nua, bela, bela,
Dos teus cabelos de tarde,
Aos teus pés de Cinderela,
(há dois pássaros inquietos
em teus pequeninos pés)

- gosto de ti, feiticeira,
gosto tal como tu és...

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