quarta-feira, 13 de agosto de 2008
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL
O TEU RISO
(Pablo Neruda)
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
BOM DIA, AMIGO SOL
(J.G. de Araújo Jorge)
Bom dia, amigo Sol! A casa é tua!
As bandas da janela abre e escancara,
- deixa que entre a manhã sonora e clara
que anda lá fora alegre pela rua!
Entre! Vem surpreendê-la quase nua,
doura-lhe as formas de beleza rara...
Na intimidade em que a deixei, repara
Que a sua carne é branca como a Lua!
Bom dia, amigo Sol! É esse o meu ninho...
Que não repares no seu desalinho
nem no ar cheio de sombras, de cansaços...
Entra! Só tu possuis esse direito,
- de surpreendê-la, quente dos meus braços,
no aconchego feliz do nosso leito!...
UM ANJO
(Paulo Gondim)
Um anjo caiu do céu
Pousou na minha saudade
Veio como a brisa suave
Leve como o orvalho
E sorriu no amanhecer
Fazendo tudo em volta renascer
Um anjo que vagava pelo infinito
Semeava sonhos coloridos
Carregando lembranças boas
De um grande amor adormecido
E de tanto vagar e semear,
Resolveu colher as flores
E fazer chuva de pétalas
Para alegar corações sofridos
Inevitável o encanto.
A chuva de pétalas regou a saudade
A saudade aflorou a paixão
A paixão desabrochou em amor
O amor, mais uma vez, floresceu
E o anjo sorriu e voltou para o céu
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