quarta-feira, 13 de agosto de 2008

MEUS VERSOS LÍRICOS


MENINOS DE RUA
(Joésio Menezes)

Crianças de presente sem futuro,
Crianças que vivem jogadas,
Crianças carentes de amor
E pela sociedade rejeitadas.

A rua é o seu nobre lar,
A vida, sua escola,
Os mendigos, seus amigos,
Sua diversão?..Cheirar cola.

O que comem colhem do lixo,
O que vestem, só de esmola.
Vivem de pequenos furtos
E é o relento quem as consola.

Esses pequenos delinqüentes,
Por todos discriminados,
Não atingem a maior idade,
Ainda crianças são exterminados.

(Nas Asas da Poesia, Brasília, 1998)


FILISTEUS
(Joésio Menezes)

Deus, ó meu Deus,
O que será dos filhos meus?
Serão filhos teus
Ou simplesmente filisteus?..

Se ligo a televisão
Vejo imagem de corrupção,
Catástrofes e violência...
Imagens de políticos irracionais
Debatendo desigualdades sociais,
Agredindo nossa inteligência.

Se leio o jornal
Nada eu encontro de anormal,
Nada que já não sabia;
Só mais uma criança aliciada,
Novamente a justiça subornada,
E a tudo isso escrevo uma poesia.

Deus, ó meu Deus
O que será dos filhos Teus?
Serão inconscientes ateus
Ou inconseqüentes filisteus?

Se saio pelas ruas,
O que vejo? Mulheres quase nuas
Em busca de alguns trocados.
Deparo-me com a delinqüência,
Vejo crianças perdendo a inocência
E envolvendo-se com viciados.

Como se fossem bichos
Vejo mendigos pegando nos lixos
O seu alimento do dia.
E enquanto assisto a essa cena
Sinto minh’alma pequena,
Mas, escrevo uma poesia.

Deus, ó meu Deus,
O que fazer com os filisteus?
Convertê-los em filhos Teus
Ou aceitá-los como filhos meus?

(Palavras, Sentimento e Paz, APL, Brasília, 2002, p.53)


*O VELHO E O NOVO
(Joésio Menezes)

Ambos dividem o mesmo espaço...
O novo, com mais ou menos cinco anos,
Sozinho não sabe fazer planos
Ou andar sem qualquer desembaraço.

O velho, representante digno do cansaço,
Envolto em seus maltrapilhos panos
Descansa o corpo em trajes desumanos;
O novo firma-se em suas “pernas de aço”.

O velho, insensível e egoísta que é,
Dorme; e ao seu lado permanece em pé
O novo, que cochila mas não cai...

O velho, também de coração maltrapilho,
Não se lembra que um dia já foi filho
Nem o que é ser protegido pelo pai.

*Cena que presenciei, às duas horas da manhã, na rodoviária de uma pequena cidade da Bahia.

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