CRÔNICA DA SEMANA
(Tati Bernardi)
Dar é dar. Fazer
amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom
pra cacete. Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca... Te
chama de nomes que eu não escreveria... Não te vira com delicadeza...
Não sente
vergonha de ritmos animais. Dar é bom. Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer
casar... Sem querer apresentar pra mãe... Sem querer dar o primeiro abraço no
Ano Novo. Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o
gingado... Te molha o instinto. Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito. Dar sem esperar ouvir
promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem esperar ouvir futuro. Dar é bom, na
hora. Durante um mês. Para os mais desavisados, talvez anos. Mas dar é dar
demais e ficar vazio. Dar é não ganhar. É não ganhar um eu te amo baixinho
perdido no meio do escuro. É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da
cidade parece querer te abduzir. É não ter alguém pra querer casar, para
apresentar pra mãe, pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha, amor?".
É não ter
companhia garantida para viajar. É não ter para quem ligar quando recebe uma
boa notícia. Dar é não querer dormir encaixadinho... É não ter alguém para
ouvir seus dengos... Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito. Mas
dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor. Esse sim é
o maior tesão. Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz
você flutuar
Experimente ser
amado...
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