UM DEDO DE PROSA
O DIA DA MINHA PARTIDA
(Joésio Menezes)
Se eu pudesse
escolher o dia da minha partida, escolheria um dia da primavera em que as
flores estivessem esbanjando vitalidade e beleza; em que os majestosos
colibris, encantados e inebriados com o perfume que delas exalam, nos
presenteassem com a leveza e a elegância do seu voo; em que as borboletas
exibissem seu balé de asas coloridas ao som de um belíssimo coral formado por
rouxinóis e bem-te-vis; em que os ventos espalhassem pelo ar o cheiro
afrodisíaco da felicidade que as flores nos proporcionam.
Se eu pudesse
escolher o dia da minha partida, e não me fosse permitido partir na primavera,
eu escolheria um dia em que o homem estivesse em harmonia com a Natureza; em
que o amor tivesse derrotado o ódio; em que a fome e a miséria fossem extintas
do planeta Terra; em que os conflitos políticos, religiosos e raciais não mais
existissem entre os homens.
Ah!... se eu
pudesse escolher o dia da minha partida, escolheria o dia em que a inspiração
do Criador superasse aquela do dia que Ele soprou as narinas da primeira mulher
e a ela deu vida, pois certamente meus parentes e amigos não chorariam a minha
morte, mas sim celebrariam o fim do ciclo de uma vida.
Enfim, seu eu
pudesse escolher o dia da minha partida, e não me fosse possível escolher
nenhum dos dias anteriores, eu escolheria o dia em que todos os povos
estivessem festejando a PAZ mundial.
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