O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA
DANÇA
DO VENTRE
(Cruz
e Sousa)
Torva,
febril, torcicolosamente,
numa
espiral de elétricos volteios,
na
cabeça, nos olhos e nos seios
fluíam-lhe
os venenos da serpente.
Ah!
que agonia tenebrosa e ardente!
que
convulsões, que lúbricos anseios,
quanta
volúpia e quantos bamboleios,
que
brusco e horrível sensualismo quente.
O
ventre, em pinchos, empinava todo
como
réptil abjecto sobre o lodo,
espolinhando
e retorcido em fúria.
Era
a dança macabra e multiforme
de
um verme estranho, colossal, enorme,
do
demônio sangrento da luxúria!
SE
TE AMO, NÃO SEI!
(Gonçalves
Dias)
Amar!
se te amo, não sei.
Oiço
aí pronunciar
Essa
palavra de modo
Que
não sei o que é amar.
Se
amar é sonhar contigo,
Se
é pensar, velando, em ti,
Se
é ter-te n'alma presente
Todo
esquecido de mim!
Se
é cobiçar-te, querer-te
Como
uma bênção dos céus
A
ti somente na terra
Como
lá em cima a Deus;
Se
é dar a vida, o futuro,
Para
dizer que te amei:
Amo;
porém se te amo
Como
oiço dizer, — não sei.
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