quinta-feira, 22 de agosto de 2013

UM DEDO DE PROSA



PRELÚDIO SOBRE A VELHICE

O tempo é implacável e imparcial.
Implacável porque enquanto seus ponteiros giram numa velocidade incontrolável, os seres (animados ou inanimados) se desgastam a tal ponto de não mais se revitalizarem. Imparcial porque não escolhe sexo, cor, nacionalidade ou classe social.
Tudo nessa vida envelhece com o passar do tempo, a menos que se acabe precocemente. Daí a preocupação de muitos de nós: a velhice, “o último quartel da vida”, pois não sabemos como lidar com ela, o que fazer quando da sua chegada, como nos preparar para essa hora...
Muitos maldizem a velhice devido aos problemas de saúde que vêm junto com ela; e dizem não querê-la, mas só se escapa desse estágio da vida morrendo ainda jovem. Portanto, devemos nos colocar no lugar dos idosos e tratá-los como gostaríamos de ser tratados, pois um dia seremos velhos, a não ser que morramos antes.
E o que mais me preocupa é que em nosso país os idosos não são tratados como merecem: com muita atenção, dedicação e respeito por tudo que eles fizeram em prol da nação e o que ainda podem fazer com a experiência adquirida ao longo do tempo.
Alguns anos atrás, foi criado o Estatuto do Idoso, porém são notórios a desobediência a seus artigos e o desrespeito a seus beneficiários, principalmente por parte do Estado, que nada faz para que o documento criado por ele seja seguido à risca.          O abandono e o descaso para com nossos idosos ocorrem, muitas vezes, dentro das suas próprias casas e estende-se por toda a sociedade.
Que bom seria se os idosos de todo o mundo recebessem o tratamento respeitoso que recebem os do Japão!... Lá eles são reverenciados e tratados como mestres pelos mais jovens e, principalmente, pelo Estado, pois são eles ícones da sabedoria e do conhecimento, os quais podem ser repassados aos mais novos.
É como bem disse Séneca, filósofo romano nascido no ano 4 a.C: “quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem, Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres”.
MEUS VERSOS LÍRICOS



UMA FLOR SÃO-GABRIELENSE
(Joésio Menezes)

Lá na floresta de São Gabriel
Da Cachoeira um anjo desceu
Trazendo uma semente do céu,
Presente que o Criador nos deu.

Esse foi um valioso laurel
Que no peito da Rosa floresceu
E que teve importante papel
Na vida de quem tanto padeceu.

Daquela sementinha de Amor
Nasceu uma linda e rara flor,
Que hoje enfeita o nosso jardim.

Essa flor, que chegou anos atrás
E que intensa alegria nos traz,
Atende pelo nome YASMIN.


A PAZ
(Joésio Menezes)

A paz se constrói todos os dias,
Em todos os lugares,
Em todos os corações.

A paz se propaga por todos os povos
De todos os pólos,
Por todas as nações.

A paz se vive em todas as culturas,
Em todas as classes,
Em todas as religiões.

A paz está na poesia,
Está nos manifestos,
Está nas canções.

A paz promove a harmonia,
Combate a guerra,
Evita destruições...

O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA



SONHO.
(Manuel Bandeira)

Em sonho lembrei-me
De um sonho passado
O de ter sonhado
Que estava sonhando.

Sonhei ter sonhado
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado,
Que é tempo passado.

Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente,
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.


CANÇÃO FINAL
(Carlos Drummond de Andrade)

Oh! se te amei, e quanto!...
Mas não foi tanto assim.
Até os deuses claudicam
em nugas de aritmética.
Meço o passado com régua
de exagerar as distâncias.
Tudo tão triste, e o mais triste
é não ter tristeza alguma.
É não venerar os códigos
de acasalar e sofrer.
É viver tempo de sobra
sem que me sobre miragem.
Agora vou-me. Ou me vão?
Ou é vão ir ou não ir?
Oh! se te amei, e quanto,
quer dizer, nem tanto assim...

CRÔNICA DA SEMANA



A PESSOA CERTA
(Luis Fernando Veríssimo)

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que se formos parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada, porque a pessoa certa faz tudo certinho: chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente está precisando das coisas certas. Aí é a hora de procurarmos a pessoa errada.
A pessoa errada nos faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor... A pessoa errada vai ficar um dia sem nos procurar, que é pra na hora em que nos encontrarmos a entrega será muito mais verdadeira. A pessoa errada é, na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai nos fazer chorar, mas uma hora depois vai enxugar nossas lágrimas; essa pessoa vai tirar nosso sono; essa pessoa talvez nos magoe e depois nos encha de mimos pedindo seu perdão... Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao nosso lado, mas vai estar 100% da vida dela nos esperando; vai estar o tempo todo pensando em nós.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa. Nada aqui é certo!...
O que é certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...
E só assim é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus deu tudo certo", quando, na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

UM DEDO DE PROSA



Procura-se uma lembrança perdida no tempo. Lembrança esta capaz de fazer-me criança novamente; capaz de transportar-me - nos braços das pueris recordações - à saudade da minha longínqua infância e ao que de mais puro deixei por lá.
Procura-se uma infância esquecida pelo tempo. Infância esta responsável por todas as boas lembranças registradas em minha mente e arquivadas no meu coração cuja bateria está prestes a descarregar em definitivo, porém, resistindo firmemente às dores da saudade e à cruel imparcialidade do deus Cronos.
Procura-se a pureza de um coração infantil. Pureza esta corrompida pelo tempo e desprezada pela imaturidade dos que se dizem maduros e prontos para corresponderem aos impulsos do cérebro cujo chip foi danificado quando da sua suposta maturação, quando do seu envelhecimento.
Procura-se, enfim, um dispositivo que permita retroceder o tempo e rebobinar o filme em que ficaram gravadas todas as boas lembranças de outrora cujas recordações provocam o rejuvenescimento dos corações que inda se alimentam com o saudosismo e sorriem para o envelhecimento, que os aguarda pacientemente.