quinta-feira, 29 de setembro de 2011

UM DEDO DE PROSA
MONOVIDÊNCIA

Alguns anos atrás, quis o destino que eu me tornasse monovidente: um descolamento de retina deixou-me cego do olho direito, e, mesmo após três intervenções cirúrgicas, não mais voltei a enxergar.
Naquela ocasião, cheguei a duvidar da existência de Deus, a questionar a Sua bondade, a renegá-Lo...
Eu não conseguia entender porque Ele escolheu-me para receber tamanho “castigo”. Justamente eu!... Eu, que nunca matei, jamais roubei nem estuprei, tampouco fiz algum mal a quem quer que seja!... Eu, que sempre me dispus a ajudar a quem de mim precisasse!... então, por que eu?
E sabe o que Ele fez? Simplesmente permitiu-me conhecer pessoas em situação pior que a minha. Pessoas sem vida própria. Pessoas que necessitam da ajuda dos outros para fazer suas necessidades básicas, tais como: irem ao banheiro (quando possível), se alimentarem ou se locomoverem. Pessoas que me fizeram perceber que o meu problema é tão somente um grão de areia num imenso deserto.
Sim!... Deus tirou-me a visão do olho direito, mas em troca concedeu-me a capacidade de melhor enxergar a vida. Antes eu via, perfeitamente, tudo à minha volta, porém não conseguia enxergar a essência do saber viver.
Por incrível que pareça, hoje, com um olho apenas, enxergo melhor do que há alguns anos, pois Ele ensinou-me a ver com os olhos (no meu caso, com um olho) e a enxergar com o coração. E quem enxerga com o coração, vê com maior clareza os caminhos que levam ao amor e, principalmente, à felicidade.
MEUS VERSOS LÍRICOS
BELEZA ENCANTADORA
(Joésio Menezes)

A tua beleza muito me encanta...
E sob seu efeito encantador
Meu sangue fervilha, minh’alma canta,
Bate meu coração feito tambor.

E da minha voz, presa na garganta,
Nada se ouve... sequer o clamor
Deste poeta que em versos decanta
Os teus encantos e o teu fulgor.

A tua beleza me encanta tanto
Que muitas vezes esse forte encanto
Faz de mim um lascivo pecador:

Peco por não conseguir te olhar
Sem o desejo de poder tocar
Em teu corpo transpirando pudor.


TROCADILHOS
(Joésio Menezes)

O oco produz o eco,
O eco ressoa no oco,
O troco não paga o treco,
O treco não tem mais troco.

Se fito aquela fita,
Se a fita eu sei que fito,
Meu fito te deixa aflita,
A fita nos causa conflito.

O fraco não abre o frasco,
O frasco guarda refresco,
Ar fresco não causa asco,
O asco requer ar fresco.

O centro do coco é oco,
A água do coco eu seco
E deixo o oco do coco
Um oco sem água, sem eco...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A MULHER NÃO É FLOR QUE SE CHEIRE
(Henrique Pedro)

A mulher não é ventre
Nem vagina
Nem teta
Nem bunda
Nem coxa
Nem flor que se cheire
Tudo isso é treta

A mulher é mãe
É esposa
É filha
Tia
Irmã
Amiga
Amante
Avó
Ou só
Cidadã
Solteira

Sem ela o homem
Nem sequer seria apenas

A mulher é amor
É tristeza e dor
Alegria e penas
Sonho
Poesia
Virgem Maria

Nem o Homem-Deus sem Ela
Existiria
Sem a mulher
O amor
Se existe
Não tem seguramente sabor
E é
Pela certa
Monocolor


LAMENTOS
(Vivaldo Bernardes)

Eu lamento os meus tempos já passados,
quando ainda de amor não conhecia,
guiado por eunucos antiquados,
e de sexo pouco ou nada se sabia

Entretanto,aprendi co'a própria vida
que o princípio do amor está em tudo
e penso que o amor não tem guarida
se o coração se faz de surdo-mudo.

Distanciam-se os tempos que vivi,
bajulado e por muitas desejado,
e o remorso futuro não previ.

Remorso por não ter retribuído
mil beijos com que fui agraciado,
e afagos que eu podia ter sentido.
CRÔNICA DA SEMANA


SOMOS TODOS FILHOS DA MÃE
(Cecília Egreja)

Se há coisa que ninguém entende é o fato de uma mulher não querer ter filhos. Não entendem e não perdoam.
É tão grande a incompreensão que já tive o desprazer de ouvir que jamais vou me realizar como mulher se não tiver filhos. Então ser mulher se resume, unicamente, ao fato de poder gerar outro ser? Ah, que bobagem! Poder eu posso, mas não quero e nem devo.
Antes de gerar um filho é necessário saber-se uma boa mãe, ter a certeza, ou ao menos a desconfiança, de que será capaz de desempenhar esta tarefa, que acredito ser, a mais difícil da vida.
É fundamental dar bons exemplos. Nunca beber além de uma taça de vinho e ainda assim, ficar risonha e rosada. Fumar, nem em sonho. Quanto aos jogos, está liberado o dominó, aos domingos. É imprescindível que uma mãe durma sempre antes das 23h e nunca acorde depois das 7h, que goste de cozinhar, lavar, passar, limpar remelas e trocar fraldas. Isto, claro, sem contar as insuportáveis apresentações de balé do final de ano.
Não. Não é por egoísmo que não quero crianças. E sim por amar demais, mesmo que em projeto, o suposto filho. Além do mais, meus irmãos já fizeram isso por mim, me dando sobrinhos adoráveis.
Uma mulher só deveria ser mãe após os sessenta anos, quando o seu maior problema já não é mais o rosa ou o vermelho do esmalte. Deveria ter mestrado, doutorado, ser PHD em vida. Saber a medida exata entre o excesso e a carência, mimar sem estragar. Mas o que vejo são crianças brincando com crianças. Seus filhos são as Barbies e os Kens, com certa dose de veracidade.
No mais das vezes, nem é preciso amor para gerá-los. Basta um encontro casual, uma camisinha furada e pronto! Nove meses depois vem o choro de arrependimento e inépcia.
Ser mãe não é para mim. O mundo não precisa de mais humanos. Precisa de poesia e meus poemas são meus filhos. E estes sim, para gerá-los, só com amor.
Ser mãe não é pra qualquer uma. É preciso ser uma mulher fora do comum pra poder ensinar uma pessoinha a ser gente. A maioria põe crianças no mundo para, mais cedo ou mais tarde, enriquecer os psicólogos.
Alguns casos deram certo. Maria, por exemplo. A mãe de Gandhi também deve ter se empenhado... Mas ainda assim, não puderam defender seus filhos dos outros filhos da mãe.
Minha mãe é uma mulher que acredita piamente no amor. Se o amor não transforma, nada mais no mundo resolve, diz ela. Talvez esta seja a minha real razão de não querer filhos. Perto dela serei sempre uma aprendiz despreparada e sem jeito. E quem a conhece, sabe que a tarefa, por melhor desempenhada, nem sempre é garantia de sucesso. Coração de filho é invariavelmente menor que o da mãe, o que só colabora pra deixar ainda mais estreita a humanidade.
Ah, mas eu não. Não quero deixar frutos, frutas ou sementes. Não tenho idade pra isso, nunca tive e nunca vou ter.
Definitivamente não quero filhos. Quero ser avó. Disto não abro mão. Darei um jeito.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

UM DEDO DE PROSA


ROCK IN RIO: ONTEM E HOJE

Lembro-me muito bem quando, há 26 anos, foi realizado o primeiro Rock in Rio. Naquela época, fiquei assistindo aos shows à distância, pois a grana estava curta, e mesmo que não estivesse, a eterna fobia a multidões (companheira de longa data) não me permitiria fazer parte do público.
Naquele ano, Herbert Viana ainda usava óculos e exibia um corpo delgado e madeixas encaracoladas. Também naquela ocasião, as bandas que se fizeram presentes eram todas de rock, fazendo jus ao nome do evento: Rock in Rio.
Mesmo de casa e pela TV convencional (nada de TV a cabo, 3D, de Plasma ou HDTV), curti à beça quase todas as apresentações. Mas as que mais marcaram (e ficaram na minha memória) foram as da banda australiana AC/DC, cujo vocalista - sob o efeito de sei lá o quê – abaixou as calças e mostrou a bunda para a plateia, que foi ao delírio; e da banda inglesa Quenn, em que Freddie Mercury, como se fora um maestro, comandou um coro de quase 100 mil vozes (ou mais!) ao som da música LOVE OF MY LIFE. Simplesmente emocionante!
Naquele festival (o melhor de todos, que seja dita a verdade) também subiram ao palco: Scorpions, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Whitesnake, e muitas outras bandas de grande porte.
Hoje se inicia mais edição do Rock in Rio, e serão muitas as atrações de 1ª linha que se apresentarão nos palcos espalhados pela cidade do rock, porém nem todas pertencem ao fantástico mundo do rock, o que pode não deixar a boa impressão de um excelente festival deixada em 1985, quando da primeira edição.
Aquela velha companheira de outrora (a fobia) ainda não me deixou, e mais uma vez ficarei só na vontade de me fazer presente ao Rock in Rio, porém, estou sendo muito bem representado, pois em meio às centenas de milhares de fãs do rock, meus filhos se fazem presentes, e, tenho certeza, eles se lembrarão de mim quando “as feras” subirem ao palco.
MEUS VERSOS LÍRICOS

O BEIJA-FLOR
(Joésio Menezes)


Chega o beija-flor
E beija sua amada
Que espera, sem pudor,
Por ele ser beijada.

Voa o beija-flor
Em disparada
Sentindo o odor
De outra flor perfumada.


Regressa o beija-flor
Em busca da flor
Por ele trocada...

Triste, o beija-flor
Chora sua dor...
Perdeu sua amada.


UM TEU SONETO
(Joésio Menezes)

- ao poeta Vivaldo Bernardes -

Sim, meu amigo!... é nosso costume
- após a vida queimar seu pavio
e a vela derreter seu cerume -
enterrar quem daqui se despediu.

Porém, velho amigo, eu prometo
que, antes de descerem teu caixão,
em teu peito deixarei o soneto
que desejas ler na escuridão...

Não acho que seja exorbitante
esse teu pedido que, doravante,
atenderei, pela nossa amizade.

E sobre teu peito hei de deixar
um teu soneto a te sussurrar:
-“Enfim sós, por toda a eternidade...!”
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

LÁGRIMAS DA VIDA
(Álvares de Azevedo)

Se tu souberas que lembrança amarga
Que pensamento desflorou meus dias,
Oh! tu não creras meu sorrir leviano,
Nem minhas insensatas alegrias!

Quando junto de ti eu sinto, às vezes,
Em doce enleio desvairar-me o siso,
Nos meus olhos incertos sinto lágrimas...
Mas da lágrima em troco eu temo um riso!

O meu peito era um templo - ergui nas aras
Tua imagem que a sombra perfumava...
Mas ah! emurcheceste as minhas flores!
Apagaste a ilusão que o aviventava!

E por te amar, por teu desdém, perdi-me...
Tresnoitei-me nas orgias macilento,
Brindei blasfemo ao vício e da minh'alma
Tentei me suicidar no esquecimento!

Como um corcel abate-se na sombra,
A minha crença agoniza e desespera...
O peito e lira se estalaram juntos...
E morro sem ter tido primavera!

Como o perfume de uma flor aberta
Da manhã entre as nuvens se mistura,
A minh'alma podia em teus amores
Como um anjo de Deus sonhar ventura!

Não peço o teu amor... eu quero apenas
A flor que beijas para a ter no seio...
E teus cabelos respirar medroso...
E a teus joelhos suspirar d'enleio!

E quando eu durmo... e o coração ainda
Procura na ilusão tua lembrança,
Anjo da vida passa nos meus sonhos
E meus lábios orvalha d'esperança!


PROCUREI
(Graciela da Cunha)

Procurei um sorriso,
mas só encontrei lágrimas.
Procurei a felicidade,
enxerguei a tristeza.
Procurei o amor,
só encontrei a solidão.

Estou aqui sozinha
sem saber o que fazer,
de meu olhos jorram
lágrimas de dor.

Trilho caminho solitário
a busca de uma luz
que cure me coração sofredor,
trazendo para ele novos sonhos
com amor verdadeiro.
CRÔNICA DA SEMANA

O QUE QUEREM AS MULHERES
(Brena Braz)

Desde que o mundo é mundo, nós mulheres tentamos entender os homens. Tentamos minimizar as diferenças descobrindo o que se passa na cabeça desses outros seres tão diferentes da gente. Na maioria das vezes, caímos em estereótipos do tipo “homem é assim”, “mulher é assado” e limitamos toda a humanidade dentro das nossas próprias percepções do mundo. Como se nossa percepção fosse única e absoluta.
Eu ando treinando o “desestereótipo”. Treinando ver o mundo de outra forma. Explico: não é porque eu comi uma maçã podre do pacote que todas estão podres (como eu achava até então). Ando tentando ouvir com menos atenção os casos corriqueiros de homens cafajestes e dando mais importância aos raros casos de homens do bem. Sim, eles existem. E quando minhas amigas começam com “ah, é porque homem é assim mesmo” eu ligo o mute interno e começo a pensar na lista de maquiagens que quero adquirir no momento. Não, gente, homem não é “assim mesmo” e eu cansei de engolir esse papo. Tem mulher pirigueti, tem mulher do bem. Tem homem babaca e tem homem do bem. É exceção? Pode ser. Mas existe. O grande lance é que não dá pra julgar por antecipação. Aquele cidadão bom moço pode te decepcionar e aquele outro que você não dava nada por ele pode te surpreender.
E enquanto nós, mulheres, não entendemos os homens (e nem eles entendem a gente), acho que deveríamos ser mais claras no que queremos, ao invés de fazer joguinho. Grande parte dos homens não tem criatividade ou sequer paciência pra ficar decifrando nossos códigos. Ao contrário da gente que acha que tudo que eles falam são códigos secretos e querem dizer muito mais do que o que foi dito. (Eu já superei essa fase da interpretação faz tempo, mas tenho amiga que interpreta cada palavra que o cidadão fala).
Ainda vamos demorar pra decifrar o que os homens querem. Mas entender o que nós queremos não é nem um pouco complicado se eles prestarem atenção. Não queremos anel de brilhante. Um anelzinho de papel de bala feito na hora resolve nosso problema. Não queremos dormir num palácio, só queremos deitar a cabeça num ombro que nos acolha. Não queremos a presença física o tempo todo, mas queremos saber com quem podemos contar se precisarmos. Não queremos a senha do email, mas queremos alguém em quem possamos confiar de verdade. Não queremos vigiar o celular, mas queremos alguém que não nos surpreenda com telefonemas suspeitos. Queremos alguém com quem possamos passar nosso aniversário. Passar o Natal. O reveillon. A vida. Queremos alguém que nos inclua nos planos, ainda que esse plano seja apenas a comemoração de alguma coisa banal. Queremos alguém pra quem não tenhamos que contar nada, pois esse alguém simplesmente sabe porque faz parte da nossa vida. Queremos alguém cuja prioridade é a própria vida, porém a própria vida nos inclui. O que nós, mulheres, queremos é tão simples que esse texto nem precisaria existir pra explicar isso. Tão simples que parece tão óbvio. Mas não é. Ainda existem homens que ignoram o básico. Alguns. Não são todos. Porque, como eu estava dizendo, os homens não são todos iguais.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE POLÍTICA

Incontáveis foram as vezes em que aqui publiquei textos relacionados à política e, principalmente, aos políticos que envergonham o nosso país. Daí, eu me pergunto: de que valeram minhas palavras se no cenário político tudo continua do mesmo jeito?...
Sei que nada do que por mim aqui foi dito surtiu efeito (pelo menos no que diz respeito à honestidade e à boa índole dos parlamentares!), mas com certeza consegui fazer uma ou duas pessoas pensarem melhor com relação às próximas eleições. E se essas duas pessoas também se manifestarem e fizeram outras duas refletirem acerca da situação política do Brasil - e assim sucessivamente -, creio que num prazo não muito longo teremos no poder pessoas que saibam discernir Política de politicalha.
Escreveu Rui Barbosa que “política é arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada”.
Voltando à ideia da corrente a que me referi anteriormente, isso acontecendo, talvez tenhamos um país bem melhor do que é hoje; um país politicamente higienizado e “moralmente sadio”, em que palhaços sejam apenas artistas de circo que divertem o público com pilhérias e momices.
MEUS VERSOS LÍRICOS

TOMARA-QUE-CAIA
(Joésio Menezes)

Estávamos nós ali reunidos
Numa sala pequenina e quente...
Éramos treze, todos espremidos:
Onze mulheres, dois homens somente.

Uma delas tinha um só sentido:
Evitar que, sob o olhar da gente,
Os seios se mostrassem atrevidos
E se expusessem, repentinamente...

Ela vestia, além das justas calças,
Uma blusa sem mangas e sem alças,
A conhecida tomara-que-caia.

E enquanto a blusa ela ajeitava,
Cá com os meus botões eu suspirava:
“Oxalá, meu Deus!... tomara que caia!”


REFÉM
(Joésio Menezes)

Toda vez que tu me abraças,
Teu cheiro suave me passa
A impressão que és uma flor
À espera do colibri
Que sonha receber de ti
As delícias do teu amor.

E ao receber teu abraço,
Sinto bater em descompasso
O meu aflito coração.
Não sei se por causa do medo
De vir à tona seu segredo
Ou pelo fogo do tesão.

Sei apenas que o teu cheiro
Dá vida ao meu corpo inteiro
E instiga a minha libido,
Fazendo de mim um refém
Do teu perfume que me vem
Trazer desejos proibidos.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

MINHA ESTRELA
(Vital Alves Neto - Vitalves)

Lá no horizonte, distante, encontrei
numa constelação dos meus sonhos.
Meu mundo, há tempos, a ti dediquei,
luz dos meus olhos em todos os anos.

Minha estrela, te ver assim radiante
careço todo instante poder te sentir.
Já todas as noites comigo, brilhante
quero por toda a vida estar junto a ti.


Se não te vejo, desejo, corpo flutua,
mas, se te ouço, tamanho alvoroço,
minh'alma se despe, fica toda nua.

Minha estrela, tamanha a saudade tua
Sem ti, acredites, me perco de mim...
Na madrugada, sem ti, pra que lua?


NÃO ME PRENDO A NADA QUE ME DEFINA
(Clarice Lispector)

Não me prendo a nada que me defina.
Sou companhia, mas posso ser solidão,
Tranquilidade e inconstância,
Pedra e coração...

Sou abraços, sorrisos, ânimo,
Bom humor, sarcasmo, preguiça e sono,
Música alta e silêncio...
Serei o que você quiser,
Mas só quando eu quiser.

Não me limito, não sou cruel comigo!
Serei sempre apego pelo que vale a pena
E desapego pelo que não quer valer…
“Suponho que me entender não é uma questão
De inteligência e sim de sentir,
De entrar em contato... Ou toca, ou não toca."
CRÔNICA DA SEMANA

TEMPO CERTO
(Paulo Coelho)

De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer apressar as coisas; tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente. Temos pressa em tudo e aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia dizer: Qual é esse tempo certo?
Bom, basta observar os sinais! Quando alguma coisa está para acontecer ou chegar até sua vida, pequenas manifestações do cotidiano enviarão sinais indicando o caminho certo. Pode ser a palavra de um amigo, um texto lido, uma observação qualquer... Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará de colocar você no lugar certo, na hora certa, no momento certo, diante da situação ou da pessoa certa.
Basta você acreditar que nada acontece por acaso.
Talvez seja por isso que você esteja agora lendo estas linhas. Tente observar melhor o que está a sua volta. Com certeza alguns desses sinais já estão por perto e você nem os notou ainda.
Lembre-se: o Universo sempre conspira a seu favor quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.

domingo, 11 de setembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

DEZ ANOS DEPOIS

Passados dez anos do atentado de 11 de setembro, o mundo ainda se pergunta quantos mais ainda deverão morrer até que alcancemos a paz. E quantos mais pagaremos às indústrias bélicas para que elas fabriquem e forneçam armas às grandes potencias mundiais, armas estas usadas contra aqueles que nada têm a ver com a guerra entre o império capitalista e o decadente socialismo.
Enquanto se gastam bilhões de dólares no financiamento dessas guerras que só trazem desgraça e sofrimento à humanidade, milhares de crianças morrem de fome na Etiópia, no Haiti e noutras partes do mundo, inúmeras doenças ainda estão muito longe da cura, milhares (ou milhões) de hectares de florestas nativas do mundo inteiro estão desaparecendo ante a ação devastadora e gananciosa dos homens, o planeta Terra sucumbe diante da irresponsabilidade e da falta de zelo e de compromisso dos seus habitantes para com ele...
Hoje, dez anos depois, o mundo ainda está de olhos voltados para os Estados Unidos, rezando pela memória dos milhares que foram dizimados pelos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, porém, nada está sendo feito para amparar os milhões de famílias iraquianas e afegãs que perderam seus entes queridos, os quais nada fizeram para merecer uma morte de forma tão brutal quanto a imposta pela guerra que não é deles. O único erro cometido por essas famílias foi terem nascidos em terras cujos lideres são psicóticos alienados e/ou extremistas religiosos em busca da Salvação espiritual deles próprios, e para isso, usam como moeda de troca a vida alheia.
Rezemos pela memória dos que foram mortos no World Trade Center, porém, não nos esqueçamos de olhar para o outro canto do mundo, em que pessoas estão sendo extintas pela fome e, principalmente, pela ignorância dos que se acham superiores a tudo e a todos, inclusive a Deus.
MEUS VERSOS LÍRICOS

FAZENDO POESIA
(Joésio Menezes)

Para se fazer poesia
É preciso tê-la em mente
E no coração o amor,
Dela a principal semente.

Basta que saibamos ver
Com os olhos da inspiração
O significado das coisas,
Sejam concretas ou não.

Basta sentirmos no ar
O perfume das letrinhas
E organizá-las, uma a uma,
Até formarmos palavrinhas.

A seguir, é preciso juntá-las
Até que um verso formem.
Depois outro e mais outro...
E em estrofe se transformem.

Uma estrofe aqui, outra ali,
E a poesia está formada...
Pouco importa se não tem rima
Ou se ela é totalmente rimada.

O mais importante é saber
Que está pronta a poesia
E que ela nos representará
No Reino Encantado da alegria.


DEPENDENTE DE TI
(Joésio Menezes)

Sem ti não sei o que é dormir
Tampouco me alimentar.
Sei apenas que não sei sorrir,
Sinto vontade, apenas, de chorar.

Também sei que não sei viver
Sem sentir teu cheiro no ar,
Sem que eu possa ao menos te ver,
Sem que em teu corpo eu possa tocar.

Sei que sem ti não sou nada
E sinto-me feito uma alma penada
Em busca da eterna salvação.

Mas quando estou em tua companhia,
Sinto em meu peito a forte magia
E as delícias da nossa paixão.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

SOLIDÃO
(Aíla Sampaio)

Há muito pra esquecer:
paredes retintas
cicatrizadas nas retinas,
a confusão de vozes na varanda
o entra e sai de gente compadecida.
Tantas coisas pra não lembrar
e que insistem em viver
nos destroços da minha memória!


Fosse fácil não ter medo
eu voltaria no tempo
pra pegar a menina que eu fui
e colocá-lo no colo.
Para sempre órfã, ela sabia...
e escondeu-se em si mesma
como se se bastasse...
ninguém a protegeu daquela dor
silenciosa e seca;
ninguém viu sua solidão
fazer-se eterna naquele dia.


A ESPERANÇA
(Augusto dos Anjos)

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa
CRÔNICA DA SEMANA

A VELHICE
(Tais Luso de Carvalho)

Ontem à tarde, assentei meus olhos em uns escritos sobre a velhice, de Marco Tulio Cícero, filósofo de escrita elegante. Mas, encontrei algumas coisas com ímpetos um pouco patéticos, ao falar dos velhos e da morte. Foi um tanto desconfortável, e fiquei a refletir.
Confesso que algumas coisas me abateram, é difícil admitir que a perspectiva de morrer seja natural para os velhos. Não por acreditar na nossa perpetuação, somos finitos, mas por ter a consciência de como e em que circunstâncias os velhos se aproximam do fim. Nenhum velho desapega-se da vida de uma maneira natural, aceitando conformado o que lhe é arrancado com brutalidade. Eles calam, silenciam, encobrem. Mas eles pensam, sentem e, quando a sós, choram... E isso é tenebroso para os filhos.
Enquanto estiver existindo lucidez, existirá o instinto de conservação, o apego à vida. A esperança.
Não contradigo, no entanto, que os velhos não possam perceber a morte, porém não com resignação, mesmo acreditando que possa existir outra vida.
Fiquei algum tempo a pensar na morte, o que não me foi nada agradável, pois sou uma pessoa alegre e otimista. Mas isso se deu pelas minhas primeiras perdas, já que nunca tinha me deparado com tal sentimento, com esta situação dilacerante da perda de alguém tão próximo. E aos poucos...
Penso que o ato de morrer deveria vir como um presente, como uma dádiva - se é que Deus existe -, sem sofrimento e sem dor, tanto para os que vão, como para os que ficam. Até como recompensa por nossos velhos terem sido corajosos, por terem trilhado caminhos difíceis ou vivido, alguns, numa festança quiçá equivocada. Seria um ato de misericórdia D’Ele. Sei que estou sendo utópica, mas se assim fosse, amenizaria um pouco nosso sofrimento.
Ver e sentir tal dor de perto e achá-la natural não existe, o que existe é um conformismo. Acredito nisso. E surgem as perguntas - algumas já conhecidas. E nehuma resposta.
O ser humano sempre precisou acreditar na perpetuação da vida através do espírito. Não importando o caminho. Confesso que eu ainda não sei de nada, até gostaria de acreditar em algo. Desde sempre o homem procurou acreditar em um Deus. Ter fé é como ter um coringa; é sorte e um privilégio.
Os homens sempre foram em busca de um Deus, seja em Cristo ou venerando o Sol, a Lua, enfim, a vários elementos onde um ser superior pudesse ser representado com grandeza e perfeição para atenuar nosso morrer ou nossa 'passagem'.
Porém, se ao ter lido aquele trecho de Cícero fiquei com uma sensação desconfortável, mais tarde recuperei-me com a paz e a doçura de Gilberto Freire quando diz: Venha doce morte... Não, a morte não é doce, mas peço a amarga morte que ela venha docemente...
Seria um sonho se assim fosse: tanto para os que têm fé como para outros que ainda buscam encontrar a sua paz.
Espero, no entanto, quando meu dia chegar, quando meu olhar tiver o brilho opaco da despedida, que eu tenha a doce ilusão de que a morte não me venha tão amarga, que me toque docemente e, sobretudo, com compaixão.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

UM DEDO DE PROSA

À MODA DA CASA


Já não mais me surpreendo com as decisões tomadas à sorrelfa pelos nossos parlamentares. Por que será?
Uma grande expectativa foi criada em volta da suposta cassação do mandato de uma certa Deputada, personagem secundária da Caixa de Pandora e representante do clã cujo sobrenome rima (e combina) com INFELIZ na Câmara Federal.
Porém, como há anos conheço o histórico de manobras políticas e judiciais daquela família dos confins de Luziânia-GO, em momento algum acreditei que ela pudesse ser cassada. Primeiro porque, como o seu próprio pai afirmou diante das câmeras de TV, eles têm uma história em Brasília (ainda que seja ela adornada de trambiques e falcatruas); segundo, porque os pizzaiôlos da Câmara voltaram do recesso parlamentar famintos, e eles jamais iriam perder essa oportunidade de saborear uma deliciosa “pizza à moda da casa!”
MEUS VERSOS LÍRICOS

ÚLTIMOS VERSOS
(Joésio Menezes)

Serão estes os últimos versos meus
Oferecidos aos lindos olhos teus?
Não sei!... Isso não posso afirmar,
Pois toda vez que os fito, me encanto
E quando encantado fico, me espanto
Com o doce feitiço do teu olhar.

E toda vez que penso em me dizer
Que não mais sinto vontade de escrever
Versos quaisquer aos olhos teus,
Uma força estranha se apossa de mim
E me diz que não posso pensar assim,
Pois são os teus olhos obras de Deus.

Mas posso afirmar, com certeza,
Que o doce feitiço e a beleza
Que têm esses lindos olhos teus
Muito me ajudaram a perceber
Que antes dos que ainda irei fazer,
Serão estes os últimos versos meus.


À LUCIANA MARINA
(Joésio Menezes)

Teu olhar nos desatina,
Teu sorriso nos ilumina,
Teu ser nos encanta.
Teu coração nos cativa,
Tua força nos incentiva,
Tua coragem nos espanta.

Tua conduta nos guia,
Tua dignidade nos contagia,
Tua alegria nos agita.
Tua franqueza nos instiga,
Tua bondade nos abriga,
Tua sensibilidade nos incita.

Tua sabedoria nos seduz,
Tua determinação nos conduz,
Teu labor nos engrandece.
Tua amizade nos dignifica,
Tua vida nos exemplifica,
Tua fé nos fortalece.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

QUERIA AMAR
(Rangel Alves da Costa)

Sou o mar
queria ser o rio
queria amar
queria ser desafio
sou a nuvem
queria ser o céu
queria amar
queria tirar esse véu
sou o vento
queria ser ventania
queria amar
queria ter alegria
sou anoitecer
queria ser amanhecer
queria amar
queria tanto enlouquecer
sou a prece
queria ser oração
queria amar
queria feliz coração
sou igual
queria ser diferença
queria amar
queria sua presença
sou sólido
queria ser de beber
queria amar
queria tanto você.


SONETO
(Alphonsus de Guimaraens)

Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto,
Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,
Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto,
No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranquilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.

Encontrei-te. Depois... depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?

Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,
Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira,
Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto?
CRÔNICA DA SEMANA

TENTANDO DIZER ALGUMA COISA
(Jacinta Dantas, reflorescer.blogspot.com)

E sou o que sou. Daria para ser diferente? Poderia ter escolhido outros caminhos? Mas, se diferente fosse, seria Eu? Credo! Tudo parece ser tão complicado. São tantas perguntas que me faço sem encontrar as respostas.
...
O que sei é que em mim, a respiração rege a orquestra: quanto mais consciência tenho do meu Eu, mais equilíbrio, harmonia e beleza para a melodia tocada por todos os eus que fui e que, hoje, compõem o que Sou.
Então, sendo o que sou, sigo juntando as letrinhas, vivendo na prosa, proseando na vida e tentando dizer alguma coisa.